Parlamentares repudiam novo salário mínimo proposto por Bolsonaro

Governo anunciou R$ 1.067 para 2021, R$ 12 a menos do que o anunciado em abril. Deputados indicam que é o segundo ano sem reajuste real do valor

(Reprodução)

Deputados e senadores criticaram o valor proposto pelo governo Bolsonaro para o salário mínimo em 2021. Na proposta de Lei de Orçamentária Anual (LOA), encaminhada na segunda-feira (31) ao Legislativo, o governo Bolsonaro anunciou que o salário mínimo do próximo ano será de R$ 1.067 e não mais de R$ 1.079, como anunciado em abril. O argumento do governo para a redução é a previsão de uma inflação menor para 2020.
Em abril, o governo previa que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teria alta de 3,27% em 2020, valor que caiu para 2,09% em julho.

O valor do salário mínimo proposto pelo governo para o ano que vem tem correção somente pela inflação, ou seja, pela estimativa do governo para o INPC. Esse formato já foi adotado neste ano, quando a área econômica concedeu reajuste somente com base na inflação do ano passado.

O líder em exercício da bancada do PCdoB, deputado Daniel Almeida (BA), criticou o segundo ano sem reajuste real do salário mínimo.

“O governo manda para o Congresso uma proposta de orçamento que vem com uma redução e um congelamento do salário mínimo. Nós tínhamos uma política de valorização do salário mínimo e o governo Bolsonaro já não fez para 2020 e está propondo para 2021 uma elevação de R$ 22. A politica de valorização do salário mínimo é muito importante para dinamizar a economia que está em grande dificuldade. O orçamento que ele [Bolsonaro] quer para 2021 mantém corte de gastos. Com a pouca ou quase nenhuma capacidade de investimento do Estado, a economia não vai se recuperar. Para piorar a situação, o governo está anunciando que vai reduzir pela metade a renda emergencial”, pontuou o parlamentar.

O governo de Jair Bolsonaro pôs fim à política de valorização do salário mínimo iniciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que calculava a correção a partir da inflação mais o Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior.

Para o vice-líder da Oposição, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o governo Bolsonaro, mostra mais uma vez que é “inimigo do povo”. “Significa que Bolsonaro não dará aumento real para o salário mínimo em 2021, prejudicando milhões de trabalhadores e aposentados”, criticou o parlamentar em sua conta no Twitter.

As vice-líderes da Minoria, deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também criticaram o valor anunciado pelo governo. Para Alice, “o governo que ia resolver o problema da economia, não consegue sequer resolver o salário mínimo. Lembrando que é o segundo ano consecutivo sem reajuste real”. Já a deputada Jandira afirmou que o novo valor é um “escárnio” com o povo.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que o governo Bolsonaro deixa claro para quem governo. “Sabe pra onde foi o aumento do salário mínimo deste ano? Pois é. Enquanto Guedes e Bolsonaro oferecem incentivos para as elites, para trabalhadores e trabalhadoras impõe a redução do salário mínimo”, diz.

Senado

“Reduzir o preço do Gás de cozinha? Reduzir o preço da energia elétrica? Reduzir o preço dos combustíveis? Reduzir os juros do cartão? Não!  Bolsonaro vai reduzir o salário mínimo, que serve pra pagar essas contas”, criticou o líder do PT no Senado, senador Rogério Carvalho (SE).

Para o líder da minoria no Senado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) os mais afetados pela pandemia são os mais pobres. “A miséria aumentou, o desemprego subiu, o acesso às políticas públicas está dificultado. O trabalhador não pode pagar pela crise que o governo fomentou. Não ter aumento real do salário mínimo é uma covardia!”, protestou.

“O povo vai lembrar. O povo vai cobrar. O que esse governo faz com à população brasileira é um absurdo. Todo dia eles dão um jeito de prejudicar o trabalhador. Incrível. Inaceitável”, criticou o senador Humberto Costa (PT-PE).

Nesta terça-feira, em audiência na comissão mista do Congresso que acompanha a execução das medias de enfrentamento à pandemia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a concessão de um aumento real do salário mínimo “poderia elevar a taxa de desemprego no país”. “Estamos no meio de uma crise terrível de emprego. Dar aumento de salário é condenar as pessoas ao desemprego”, justificou o ministro de Bolsonaro.

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