Auxílio de R$ 300 vai piorar situação do PIB, avalia diretor do Dieese

A economia brasileira teve contração recorde de 9,7% no segundo trimestre de 2020. Consumo das famílias despencou 13,5%.

Em todo o Brasil o povo buscou auxílio emergencial´(Foto: Reprodução)

O Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos por um país) brasileiro despencou 9,7% no segundo trimestre de 2020 na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período de 2019, a queda foi ainda maior, de 11,4%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (1°) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na avaliação de Fausto Augusto Júnior, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, com a queda do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300, anunciada hoje por Jair Bolsonaro, a situação do PIB pode tornar-se ainda mais dramática.

“[A redução do auxílio] deve afetar a economia como um todo. Boa parte das pessoas só mantiveram a subsistência por causa do benefício. Vai impactar as pessoas e o giro do mercado. O PIB caiu absurdamente e só não caiu mais porque, bem ou mal, o auxílio suportou algum grau de consumo. A redução, inevitavelmente, vai significar menos consumo”, afirmou.

Os dados do IBGE mostram que, mesmo com o auxílio emergencial no valor de R$ 600, houve contração do consumo das famílias. A despesa de consumo despencou 13,5%, a maior queda da série histórica. Foi o segundo resultado negativo após 11 trimestres de avanço.

Para Fausto Augusto Júnior, uma queda dessa magnitude no PIB já era esperada. Diferente do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele não acredita em uma recuperação rápida. Para ele, as políticas do governo são insuficientes para garantir a retomada.

“É ilusão achar que o mercado volta [sem participação do Estado], porque não volta. É preciso o governo fazer esse papel de indutor da economia. Achar que você vai retomar a economia com reforma, privatização, não dá certo”, avalia.

“Nós estamos falando de uma queda na economia de 10%. Não é qualquer coisa. Se a gente pegar perdas e ganhos dos últimos anos, a perspectiva é que a gente chega ao fim desse ano com a economia do tamanho que era em 2010. Ou seja, nós perdemos uma década”, acrescenta.

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