Governo Bolsonaro sabota o cinema nacional diz cineasta premiado

Para Kleber de Mendonça Vasconcellos Filho, a sabotagem ocorre “precisamente num momento em que estávamos conseguindo, em velocidade de cruzeiro, uma diversidade que era nova”.

O premiado cineasta Kleber de Mendonça Vasconcellos Filho disse, em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, que o governo brasileiro tenta fechar a Cinemateca Brasileira, Kléber e asfixiar o cinema nacional. “A produção audiovisual brasileira está começando a parar. A Cinemateca e o Ancine (Agência Nacional do Cinema) são uma máquina sabotada pelos próprios administradores”, disse ele.

Com a sabotagem, toda a produção do país fica inviabilizada nos âmbitos financeiro e criativo, avaliou o cineasta. “O esquema de incentivo cultural a cada área era à base da confiança e tudo isso foi destruído. Estamos num momento em que toda a classe do cinema está confusa e sem entender quais os próximos passos. São muitos os que estão tentando filmar com dinheiro de fora do Brasil. Mas o que me preocupa são os cineastas das novas gerações, como é que eles agora podem trabalhar”, diagnosticou

Kleber de Mendonça Vasconcellos Filho disse ainda que a sabotagem ocorre “precisamente num momento em que estávamos conseguindo, em velocidade de cruzeiro, uma diversidade que era nova”. “Uma diversidade regional, temática, de representação de classe, raça e de orientação sexual. Isto agora é muito triste o que se passa”, lamentou.

Segundo ele, esse movimento claramente estancado, parado. “Observo isso por dentro. Projetos que estavam em andamento foram cancelados. É um momento histórico que desejo que passe o mais rápido possível e que sobrevivemos todos”, protestou

Kleber de Mendonça Vasconcellos Filho com a autoridade de ser um diretor, produtor, roteirista e crítico de cinema brasileiro quem tem entre seus filmes O Som ao Redor e Aquarius, incluídos na respeitada lista dos dez melhores do ano do jornal norte-americano The New York Times. Seu terceiro longa-metragem, Bacurau, conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019. Ele está sendo homenageado com uma retrospectiva em Portugal, no Cinema Trindade, no Porto.