Ibope: 63% dos paulistanos são contra volta às aulas

Pais consideram que não vale à pena arriscar a vida de estudantes e profissionais da educação para garantir a volta as aulas em São Paulo

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A volta às aulas em São Paulo é rejeitada por 63% dos paulistanos, mostra a pesquisa Viver em São Paulo – Pandemia, realizada pelo Ibope em parceria com a Rede Nossa São Paulo. O governo de João Doria (PSDB) deve se posicionar amanhã (7) sobre a proposta de volta às aulas em todo o estado em 8 de setembro, de acordo com o Plano São Paulo.

Apenas 26% dos entrevistados foi favorável e 11% não souberam opinar. A maioria dos entrevistados avalia que não vale à pena arriscar a vida de estudantes e profissionais da educação para retomar o ano letivo e também não acredita que a rede de ensino terá condições de garantir o distanciamento e a higienização rigorosa dos ambientes das escolas, assim como o distanciamento entre as crianças.

Na região Oeste, com bairros de maior poder aquisitivo, 74% colocam-se contra o retorno das aulas em São Paulo no próximo mês.

Um terço dos entrevistados também apontou temor com o aumento da circulação de pessoas nas ruas e no transporte coletivo. Estima-se que só na capital, a primeira fase da volta às aulas, com 35% dos estudantes, leve à mobilização de 700 mil pessoas diariamente. Com todos os estudantes, chega-se a 2 milhões de pessoas se locomovendo todos os dias, entre estudantes, familiares e trabalhadores da educação.

Em menor proporção citam que a rede de ensino não tem como garantir a higienização adequada dos ambientes (43%), que não há ainda protocolos específicos ou claros para garantir a segurança e a saúde dos estudantes e professores (34%), que vai aumentar a quantidade de pessoas circulando pela cidade (32%, chegando a 45% entre moradores da região Oeste e 40% entre os da Sul), que vai aumentar a quantidade de pessoas no transporte público (31% – preocupam 43% daqueles que vivem na região Oeste), que não há tempo hábil para que a rede de ensino adapte sua estrutura para garantir a segurança de estudantes e professores (29%), que não acreditam no sistema de revezamento de alunos na retomada das aulas presenciais (26%, atinge 40% dos moradores do Centro) e porque acham que o ano letivo já está perdido (25%).

A pesquisa corrobora o posicionamento de pais, professores, médicos e ex-secretários da educação contra a volta às aulas em São Paulo em protesto virtual realizado na última terça-feira (4). Os participantes destacaram que é mais urgente garantir uma boa estrutura, preparar as escolas e orientar os profissionais da educação durante o próximo semestre. E que será preciso garantir muito mais recursos para que essas ações sejam efetivadas.

Precipitado

O estado de São Paulo não atingiu as metas para que a volta às aulas pudesse ocorrer a partir de 8 de setembro. Segundo os critérios elaborados pelo Comitê de Contingência do Coronavírus do governo Doria, seria preciso que, por pelo menos 28 dias consecutivos, todas as regiões que compõem o estado estivessem na fase 3-amarela do Plano São Paulo, que coordena a flexibilização da quarentena. No entanto, hoje ainda há quatro regiões na fase 1-vermelha, a mais restrita.

No entanto, há duas semanas, o governo Doria ensaiou afrouxar as regras da volta às aulas, indicando que poderia implementá-la com um período menor de tempo na fase 3-amarela. O comitê de saúde está reunido hoje para discutir o tema.

Apoio relativo

Já o motivo que mais representa a favorabilidade à retomada das aulas presenciais é o entendimento de que as aulas presenciais voltarão aos poucos, por fases, garantindo a segurança e a saúde dos estudantes, professores e outros profissionais da área, sendo apontado por quase dois terços dos respondentes (65% – é ainda mais expressivo entre moradores da região Sul, onde atinge 78% das menções). Em outro patamar, 37% citam que a rede de ensino considera um sistema de revezamento de alunos, garantindo menor número dentro da sala de aula e menor circulação durante os períodos; 35% mencionam que as pessoas, tanto as crianças, quanto jovens e adultos precisam estudar, mesma parcela que cita que é preciso retomar a normalidade, preservando a saúde mental das crianças pequenas; para 27% os pais precisam trabalhar; para 18% não se pode correr o risco de perder o ano letivo e, por fim, 12% acreditam que a pandemia em São Paulo já esteja no final. Nesta pergunta, 2% preferem não responder.

Comparando as percepções entre os moradores de cada região, no Centro, 47% acreditam que a rede de ensino considera um sistema de revezamento de alunos, garantindo menor número dentro da sala de aula e menor circulação durante os períodos e, para 44% a pandemia em São Paulo já está no final; na Oeste, metade dos moradores acham que os pais precisam trabalhar, 48% mencionam que é preciso retomar a normalidade, preservando a saúde mental das crianças pequenas e 45% acham que o sistema de revezamento de alunos garante menor número dentro da sala de aula e menor circulação durante os períodos, mesma parcela que cita que as pessoas – crianças, jovens e adultos – precisam estudar; por fim, metade dos respondentes que vivem na região Sul, acreditam que o sistema de revezamento garantirá um menor número de pessoas na sala de aula e circulando pelas escolas.

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