Ministro da Justiça de Bolsonaro foge de explicar dossiê no Senado

Apesar da tentativa de se desvencilhar do dossiê produzido pela Secretaria de Operações Integradas, André Mendonça nomeou quase toda a diretoria do órgão.

O ministro da Justiça, André Mendonça - Foto: Ascom/AGU

O ministro da Justiça, André Mendonça, cancelou a ida ao Senado para falar sobre o dossiê contra 579 policiais e professores antifascistas. Uma audiência de Mendonça com senadores estava marcada para esta terça-feira (4), mas o Ministério da Justiça cancelou o compromisso alegando tratar-se de “assunto sigiloso”, que não poderia ser tratado em evento com transmissão ao público.

André Mendonça deu declarações escorregadias sobre o caso à Globo News, alegando que não poderia confirmar nem negar a existência do relatório, elaborado em junho pela Secretaria de Operações Integradas (Siopi). Neste domingo (2), nove dias após o dossiê vir à tona, o ministro disse em entrevista à Globo News, que abriu uma sindicância para apurar a natureza do dossiê, com a participação da Controladoria Geral da União (CGU) e da Advocacia Geral da União (AGU).

Apesar da tentativa de se desvencilhar do dossiê produzido pela Seopi, um levantamento mostra que Mendonça é o responsável pela nomeação de praticamente toda a diretoria do órgão. Ele trocou nove pessoas indicadas pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro.

No total, a Seopi é formada por quatro diretorias e dez coordenadorias. Entre os nomes que o novo ministro de Bolsonaro levou para a Seopi, por exemplo, está o delegado Leandro Almada, da Polícia Federal do Rio, que investigou tentativa de obstrução da Justiça no caso da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). Almada foi nomeado diretor de Operações no dia 15 de julho.

Para comandar a Seopi, o ministro da Justiça escalou o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal Jefferson Lisbôa Gimenes. Ele substituiu o delegado federal Rosalvo Franco, que dirigiu a superintendência da PF no Paraná no auge da Operação Lava Jato e foi levado para a secretaria por Moro.

A atual secretaria tem ainda o coronel reformado do Exército Gilson Libório de Oliveira Mendes como diretor de Inteligência, setor apontado como responsável por monitorar os policiais e os professores antifascistas. Libório é da confiança de Mendonça, com quem já trabalhou na Controladoria-Geral da União (CGU). O militar também foi o número dois do ministério na gestão de Torquato Jardim na pasta, durante o governo de Michel Temer.

Abaixo de Libório está o coordenador-geral de Inteligência, Carlos Roberto Mariath, policial federal aposentado e considerado um especialista nessa área – também nomeado na gestão de Mendonça.

Dos atuais cargos de comando na secretaria, há apenas quatro remanescentes da gestão de Moro: o coordenador-geral de Fronteiras da Diretoria de Operações, Eduardo Maia Bettini, agente da Polícia Federal, além dos policiais civis Rafael Mota Brito (coordenador do Sistema Integrado de Comando e Controle), Carlos Augusto do Prado Bock (coordenador de Combate ao Crime Organizado) e André Luiz Mauli Timoni (coordenador de Contrainteligência).

O trabalho da secretaria virou alvo do Ministério Público após o portal UOL revelar que o órgão produziu um relatório contra adversários do governo Jair Bolsonaro.

Com informações do Estado de S. Paulo

Autor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *