Covid-19: Brasil tem 1,96 milhão de casos e 75,3 mil mortes

Ministério da Saúde busca minimizar a estabilização em alto patamar da curva epidêmica e ignora o colapso tardio em cidades de interior que poderia ter sido evitado.

Falta de coordenação nacional favoreceu a chegada tardia da epidemia em cidades do interior do país, como Cuiabá, que poderiam ter evitado a epidemia e o colapso do sistema de saúde que vem ocorrrendo.

O Brasil chegou a 1.966.748 de casos confirmados acumulados de covid-19 e o total de 75.366 óbitos desde o início da pandemia do novo coronavírus. O número foi divulgado na atualização diária do Ministério da Saúde hoje (15), durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

Nas últimas 24h, foram 39.924 novos registros de pessoas diagnosticadas com covid-19 informados pelas autoridades estaduais de saúde. Entre ontem(14) e hoje, foram 1.233 mortes registradas no sistema do Ministério da Saúde.

De acordo com a pasta, 635.818 pessoas estão em acompanhamento e outras 1.255.564 se recuperaram da doença.

Covid-19 nos estados

Os estados com mais mortes por covid-19 são: São Paulo (18.640), Rio de Janeiro (11.757), Ceará (7.030), Pernambuco (5.772) e Pará (5.337). As Unidades da Federação com menos falecimentos pela pandemia são: Mato Grosso do Sul (183), Tocantins (271), Roraima (403), Acre (446) e Amapá (488).

O levantamento de quais estados estão em curva ascendente, estável ou decrescente, é mais útil para compreensão do avanço da pandemia no país. Os números acima devem ser constantes devido à dimensão das cidades e não representam mudança relevante no quadro.

O avanço da pandemia ocorre principalmente em estados do Centro-Oeste e do Sul, em estados onde a doença demorou a chegar. Cidades onde a explosão de casos e mortes foram precoces já estão em curva descendente ou estável, como Manaus e São Paulo.

Veja como o número de novas mortes tem variado nas últimas duas semanas, segundo o G1, considerando os dados até o consolidado de 12 de julho (domingo):

  • Subindo: PR+76%, RS+90%, SC+53%, MG+63%, DF+85%, GO+61%, MS+57%, MT+31%, TO+106% e PB+26%
  • Em estabilidade: ES-11%, SP 0%, AM-9%, RO+9%, RR-7%, AL-1%, BA+5%, CE-7%, MA-3%, PE-15%, PI+3% e SE+15%
  • Em queda: RJ-18%, AC-38%, AP-22%, PA-24% e RN-31%

Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás. Até mais ou menos 15% é considerado estabilização de registro de mortes.

Do ponto de vista do Ministério da Saúde, na comparação das regiões tomando como referência as semanas epidemiológicas, o Norte apresentou redução de mortes de 9% e de casos de 20%. O estado com maior queda foi Roraima (-46% nos casos e 61% nos óbitos).

Na região Nordeste, a redução foi de 8% nas pessoas infectadas e 4% nos óbitos. O Rio Grande do Norte foi o local onde houve maior diminuição (-56% nos casos e -38% nas mortes), enquanto o maior aumento de casos foi em Pernambuco (24%).

No Sudeste, na 28ª semana, foram registrados 7% mais casos e 3% menos falecimentos em decorrência da doença. Em registros de casos confirmados de covid-19, o Rio de Janeiro teve 21% de queda e Minas Gerais 19% de elevação no índice. Já se considerados os óbitos, o Espírito Santo apresentou queda de 26% e Minas Gerais contabilizou incremento de 22%.

No mesmo período, o Sul teve majoração dos casos e falecimentos de, respectivamente, 8% e 36%. As maiores elevações dos índices foram em Santa Catarina (24% nos casos) e Rio Grande do Sul (42% de óbitos).

O Centro-Oeste foi a região com maior incremento de casos (6%) e de mortes (26%). Entre os estados, os destaques negativos foram Mato Grosso (20% nos casos) e Distrito Federal (49% nos falecimentos).

Evolução da curva

Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, a curva de casos novos por semana epidemiológica oscilou levemente para baixo na última semana (28ª) em comparação com a anterior (27ª), de 262.846 para 263.337. Foi a primeira vez que o total de pessoas infectadas registradas na semana foi menor. Até então a curva vinha apresentando números semanais totais ascendentes.

Já a curva de mortes pela covid-19 oscilou levemente para cima no mesmo período. Na 28ª semana epidemiológica, foram 7.204 falecimentos, contra 7.195 na 27ª. Há cerca de um mês e meio os números de óbitos novos por semana vêm oscilando pouco, mantendo uma trajetória de estabilização. A curva, contudo, não apresenta sinais de queda.

Na análise da curva de casos por estados, nove tiveram aumento, oito ficaram estabilizados e 10 experimentaram redução entre as semanas 28 e 27. Já na avaliação de mortes, 12 estados tiveram menos registros, cinco ficaram estabilizados e 10 apresentaram um aumento, especialmente no Sul e Centro-Oeste.

Perguntado sobre o porquê da curva não cair, como em outros países, o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo de Medeiros, respondeu que o Brasil tem dimensões continentais e que aqui “a epidemia não se comporta de maneira idêntica em diversas regiões do país”. E acrescentou: “Quando olha para algumas regiões tem sensação que o pior já passou. E quando olha para outras, vê que está passando por este momento agora”.

Especialistas consideram que o platô de casos e mortes por tantas semanas seguidas é um sinal do fracasso das medidas de contenção da pandemia. O Brasil já deveria estar com sua curva em descenso, como ocorreu com outros países. No entanto, estabilizou-se num patamar muito alto de casos e mortes diárias, sem sinal de redução do ritmo epidêmico. Cidades que chegaram depois na pandemia, no interior do país, deveriam estar mais preparadas para segurar o contágio, ou até mesmo evitá-lo totalmente, e oferecer serviço de saúde adequado para a população, no entanto, enfrentam explosão de casos por total falta de políticas preventivas, assim como começam a sofrer com a falta de leitos para atendimento aos doentes.

Comparação internacional

O Brasil segue em 2º no ranking mundial em número de mortes e de casos confirmados de covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos (que possui 3,4 milhões de pessoas infectadas e 136.466 mortes desde o início da pandemia). No entanto, o Brasil se destaca por ser o país onde mais morrem pessoas diariamente pela covid-19. Os EUA que já ocuparam este triste lugar, tem perdido menos de mil vidas a cada 24h, ficando em 2o. lugar.

Quando considerada a comparação proporcional, no critério incidência (casos de covid-19 por 100 mil habitantes), o Brasil cai para a 10ª posição; e no critério mortalidade (quantidade de óbitos por 100 mil habitantes), o país cai para o 11º lugar. Neste caso, o Brasil está sendo comparado com países muito pequenos e com população mais idosa, como San Marino e Andorra, por exemplo, que ocupam os primeiros lugares e são menores que cidades consideradas pequenas do Brasil. Dos países maiores, apenas Reino Unido, Espanha, Itália, França e EUA estão na frente do Brasil neste critério de letalidade da doença.

Estes dados destacados pelo governo escondem colocações no ranking que são reveladoras da falta de políticas públicas para o combate à pandemia. é o caso de uma das piores testagens sorológicas do mundo. O Brasil aparece em 106o. lugar com seus pouco mais de vinte mil testes por milhão de habitantes. Comparado com países de contingentes populacionais similares, Reino Unido aparece em 13o. com 183 mil, Rússia em 17o. com 162 mil, EUA em 23o. com 134 mil, logo em seguida vêm Espanha e Austrália. No continente, temos Chile (47), Peru (50), Venezuela (62) e Uruguai (102).

Síndrome Respiratória Aguda Grave

As hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) somaram 404.037 desde o início do ano, tendo 36.830 novas notificações na última semana epidemiológica. Deste total, 191.466 foram por covid-19. Outros 77.348 ainda estão em investigação.

Dos internados por covid-19, 50,4% tinham acima de 60 anos, 43% eram mulheres e 57% eram homens. No recorte por cor e raça, 31,3% eram pardos, 28,4% eram brancos e 4,6% eram pretos.

Já no perfil dos pacientes que faleceram por SRAG diagnosticados com covid-19, 71,8% tinham mais de 60 anos, 42% eram mulheres e 58% eram homens. Na distribuição por raça e cor das vítimas, 35,3% eram pardas, 25,2% eram brancas e 4,9% eram pretas.

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