Parlamentares repudiam Bolsonaro que indica cloroquina após infectado

Após exames confirmarem que está infectado pelo coronavírus, presidente postou vídeo em suas redes sociais agindo como garoto-propaganda do medicamento

(Foto: Reprodução)

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), condenou a postura de Jair Bolsonaro, que, após testar positivo para Covid-19, compartilhou um vídeo na tarde desta terça-feira (7) tomando cloroquina. O presidente anunciou, na transmissão, que adotou o uso de hidroxicloroquina e azitromicina em seu tratamento.

“Bem, estou tomando aqui a terceira dose da hidroxicloroquina (risos). Estou me sentindo muito bem. Tava (sic) mais ou menos no domingo, bão (sic) na segunda, hoje, terça, tô (sic) melhor que sábado. Com toda certeza, tá (sic) dando certo”, afirmou Bolsonaro.

Perpétua lamentou que, mesmo com mais de 65 mil mortes pela pandemia no País, o presidente da República “grava vídeos que joga nas redes sociais, mostrando que está se sentindo muito bem tomando uma cloroquina cujo uso nem sequer tem comprovação científica”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) informou sábado (4) que irá descontinuar os testes com a hidroxicloroquina, uma vez que o medicamento não reduz a mortalidade de pacientes hospitalizados com a doença.

A deputada também criticou os desatinos da gestão de Bolsonaro, lembrando que o Brasil está há 50 dias sem ministro efetivo da Saúde, não tem ministro da Educação e, a qualquer momento, pode ficar sem o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que é alvo de uma ação movida pelo Ministério Público Federal, que pede à Justiça seu afastamento do cargo por improbidade administrativa e desestruturação das políticas ambientais.

“Mas não é só a política ambiental de Bolsonaro que é um perigo para os brasileiros; o comportamento antidemocrático do presidente e a forma como ele comanda o País são também riscos para o Brasil. Até agora nós não temos um plano na área da educação para o retorno dos estudantes. Não sabemos como os estudantes vão concluir o ano letivo”, afirmou a líder do partido em discurso na tribuna.

O teste positivo de Bolsonaro para Covid-19 foi um dos principais assuntos nos debates da sessão desta terça. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) destacou que não faltou, por parte dos parlamentares de oposição, sensibilidade em relação à doença do presidente da República. “Não partiu de nenhum de nós nenhuma insensibilidade e nenhuma incompreensão do processo da sua doença, muito pelo contrário”, observou.

Ela manifestou, no entanto, indignação quanto ao comportamento do chefe do executivo em relação às pessoas que estão no seu entorno. Após a confirmação do diagnóstico para a Covid-19, Bolsonaro retirou a máscara durante a entrevista coletiva na qual confirmou que foi contaminado pelo novo coronavírus.

“É inacreditável como, num momento como este, para além de se colocar com muita rapidez em atenção à sua saúde, coisa que não tem em relação com o povo brasileiro, ele faz questão de contaminar as pessoas que acorrem a ele para uma entrevista, como também os seus assessores, os seus ministros e as pessoas que estão ao seu entorno.É muito grave tudo isso”, disse Jandira.

Para a deputada Alice Portugal, Bolsonaro cometeu mais um crime contra a saúde pública. “Ele anunciou que está contaminado pelo novo coronavírus, mas tira a máscara para conversar com os repórteres”, assinalou. O uso da máscara é recomendado pela OMS para diminuir o risco de contágio.

O senador Humberto Costa (PT-PE) diz que Bolsonaro agora é um negacionista infectado. Sobre a cloroquina, o parlamentar lembrou que a OMS reafirmou que a substância é completamente ineficaz no tratamento da covid-19.

O líder da oposição na Câmara, deputado André Figueiredo (PDT-CE) ironizou o uso da medicação pelo presidente: “Mais um efeito colateral da Covid-19: o agravamento da insanidade mental e da permanente irresponsabilidade nas manifestações desta pessoa.”

A líder do PSOL na Câmara, Fernanda Melchionna (RS), afirmou que Bolsonaro, mesmo testado positivo para o COVID-19, insiste no discurso genocida de que coronavírus é como outra doença qualquer. “Insiste em propagar remédio que não tem evidência científica comprovada e diz que o aumento da morte de pessoas em casa é porque o pânico também mata”, lamentou.

Fonte: Liderança do PCdoB na Câmara