Investir na ciência: uma saída ousada, por Inácio Arruda

A pandemia, como diria um bravo jangadeiro em situação de perigo, é uma tempestade com forte ventania que nos cobra saídas audaciosas.

A Ceará aposta na ciência para fomentar o desenvolvimento l Foto: Chico Gomes/Secitece

Vivemos uma ebulição política, econômica e social que varre o mundo desde a quebradeira de importantes agentes financeiros norte-americanos em 2008. Na verdade, estamos diante de uma crise profunda do modelo neoliberal imposto a um conjunto grande de nações. Manter tal modelo, que mostrou sua face de crueldade com o desastre sanitário na Europa e Estados Unidos, tem como consequência a ascensão de forças políticas ultraconservadoras e ultraliberais em diversos países, sendo este o caso do Brasil. A Covid-19 nos apanha no meio do governo Bolsonaro, que vinha com uma política de destruição de direitos sociais e trabalhistas, vendendo o patrimônio público e desmontando a indústria nacional.

O presidente, em tom de deboche, contraria as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), considera a pandemia uma gripezinha, não toma as medidas sanitárias adequadas e age para desacreditar governadores e prefeitos. Ledo engano, os óbitos por Covid-19 começaram a chegar a todo o país às dezenas, centenas e agora contabiliza dezenas de milhares. Nosso Ceará foi duramente atingido e teve que adotar medidas severas para conter o crescimento alarmante no número de casos e óbitos.

Não fora um ato quase de premonição do governador Camilo Santana, lançando o documento compromisso “Os setes Cearás”, tendo no topo o “Ceará do Conhecimento”, não teríamos garantido o fortalecimento de políticas de apoio à pesquisa científica e tecnológica. Essa iniciativa permitiu, neste momento crítico, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará, a mobilização de todo o ecossistema de inovação formado por uma vasta e sólida rede de instituições públicas e privadas. São mais de 800 laboratórios que, através de seus profissionais, mestres, doutores e pesquisadores, colaboram na construção de equipamentos como respiradores, máscaras, kits de testes, além de conduzirem pesquisas importantes na produção de medicamentos e insumos para a saúde.

Vale destacar a participação do maior e mais importante programa de inovação no setor público do país que é o “Cientista Chefe”, sob o comando da Funcap (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Há ainda uma intensa ação colaborativa que conta com a contribuição de inúmeras startups e empresas privadas.

A pandemia, como diria um bravo jangadeiro em situação de perigo, é uma tempestade com forte ventania que nos cobra saídas audaciosas. Há um ambiente fértil no Ceará, um fervilhar que parece aguardar aquele estalo que permita a conexão de pontos chaves, como o Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação, o projeto Observatório do Conhecimento, Governo Digital, Rotas Estratégicas e Bússola da Inovação, e o plano Ceará 2050.

Diante de tudo isso, nos vem à mente a pergunta: qual a palavra mágica capaz de abrir os caminhos de um desenvolvimento ousado de nosso Estado, com condições de defender as pessoas, combater as desigualdades, criar melhores empregos, elevando a qualidade de vida? Ciência, sem dúvida! A ciência tem a capacidade de integrar todo o ecossistema de inovação e permite fazer uma aposta firme com fortes investimentos no Ceará do conhecimento. Assim, poderemos sair dessa crise mais preparados, mais solidários e mais humanos

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