Dexametasona traz riscos, não trata vírus, mas inflamação do pulmão

Em vários hospitais do país, o remédio é comumente usado quando a doença avança para a perigosa inflamação do pulmão. Corticóide não trata o vírus, tem riscos para hipertensos e diabéticos e apresenta resultados tímidos.

Pesquisadores correm contra o tempo para protocolar medicamentos no tratamento à covid-19

Após divulgação de estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, que apontou bons resultados da aplicação de baixas doses do corticoide dexametasona em pacientes graves da covid-19, especialistas apontaram riscos que a medicação pode causar se utilizada sem prescrição médica. O remédio já vinha sendo utilizado em vários hospitais, em casos específicos, nas fases avançadas da doença.

Infectologistas foram unanimes em afirmar que, em caso de automedicação, o uso da dexametasona pode apresentar riscos. Há possiblidade de perda óssea, aumento da pressão arterial, aumento de sódio no sangue, bem como da glicose, que é a taxa de açúcar no sangue. Isso significa que a diabetes pode ser potencializada ao se utilizar o medicamento.

Além disso, o uso prolongado e contínuo da medicação diminui a imunidade do paciente, como todo corticoide imunodepressor, tornando o paciente mais propenso a pegar infecções.

Portanto, só deve ser utilizado, conforme mostrado no estudo, em pacientes que estejam internados, precisando de oxigênio e ventilação mecânica. Quando o paciente está na fase de inflamação do pulmão, em alguns hospitais, é colocado em ventilação em pronação, ou seja, de barriga pra baixo para liberar o pulmão. Neste momento, costuma-se dar o corticoide dexametasona com muito critério. Serve apenas para proteger o pulmão da inflamação, o estágio mais avançado e perigoso da doença, portanto não tem nada a ver com o combate ao vírus Sars-Cov2, o novo coronavírus.

O fim do discurso da cloroquina

Cientistas britânicos anunciaram que a dexametasona, um esteroide barato e amplamente disponível, reduziu em até um terço as mortes de pacientes graves de covid-19. Os resultados do estudo, efetuado por vários cientistas, incluindo da Universidade de Oxford, foram anunciados nesta terça-feira (16).

Escolheram-se aleatoriamente 2.104 pacientes para receber o medicamento, comparando-os a 4.321 outros, submetidos apenas aos cuidados usuais. Após 28 dias, reduziu-se em 35% as mortes entre os doentes dependentes de respiradores, e em 20% para os que apenas necessitavam de oxigênio suplementar. O esteroide não pareceu ajudar pacientes menos graves.

Desta forma, este medicamente deve se tornar protocolar em pacientes mais graves. É até agora o único medicamento com comprovação de eficácia no tratamento, embora esta eficácia seja limitada. Acredita-se que a droga poderia salvar um em cada oito pacientes conectados a respiradores artificiais e um em cada 25 pacientes que necessitam oxigênio.

Com informações de agências

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