G7 se reúne em meio a cifras bilionárias para socorro à economia

Grupo dos ricos se reúne para analisar como países e regiões estão enfrentando os efeitos da Covid-19. Brasil participa como convidado dos Estados Unidos.

A cúpula do G7, o grupo de países mais industrializados do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), que terá início em 10 de junho, promete ser tensa. O evento, que ocorre desde 1975, será por videoconferência e pode ter cinco convidados dos Estados Unidos: Rússia, Índia, Austrália, Coreia do Sul e Brasil. Além da gestão da pandemia de coronavírus, muito critica nos Estados Unidos e no Brasil, a pauta econômica deve pegar fogo.

Os ministros das Finanças do grupo disseram que estão comprometidos a implementar o programa de alívio da dívida bilateral para os países mais pobres do mundo até o final do ano e possivelmente por mais tempo conforme eles enfrentam a pandemia de coronavírus. Em um longo comunicado conjunto, os ministros pediram a todos os credores oficiais que se unam à iniciativa, pediram um relatório reforçado dos dados da dívida pública e disseram que todos os credores – públicos e privados – deveriam tomar decisões de empréstimo responsáveis, de acordo com as diretrizes de sustentabilidade da dívida.

Houve alertas generalizados de que as economias de mercados emergentes e de baixa renda serão duramente atingidas pela pandemia, e precisarão de mais do que a estimativa inicial do Fundo Monetário Internacional (FMI) de US$ 2,5 trilhões para superar a crise. Uma iniciativa de alívio da dívida oferecida pelo Grupo das 20 principais economias e pelo Clube de Paris de credores oficiais até o final de 2020 atraiu solicitações de apenas metade dos países elegíveis até agora.

Enquanto isso, as expectativas para a atividade econômica na América do Sul e no México para 2020 foram fortemente impactadas pela Covid-19, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) com pesquisadores desses países. A média das projeções dos 10 países antes da pandemia (excluindo a Venezuela) foi de 2,2%. Após a Covid-19, a média despencou para -4,5%. Foram consideradas estimativas feitas em dezembro de 2019 e em abril-maio deste ano, quando os países já haviam sido afetados pela crise sanitária.

No final do ano passado, somente Argentina (-1,7%) e Venezuela (-14,0%) previam queda na atividade em 2020. O Paraguai estava com uma taxa média de crescimento prevista de 4,0% e aparecia no topo da lista, seguido do Peru (3,5%), Colômbia (3,3%), Bolívia (3,2%) e Chile (3,2%). O Brasil ocupava apenas o sexto colocado na lista das maiores taxas de crescimento, com percentual de 2,7%.

Surpresa na resposta da Europa

Na Europa, novas medidas do Banco Central Europeu (BCE) e do governo alemão para combater os danos econômicos causados ​​pela pandemia excederam as expectativas. Um programa de impressão de dinheiro deve chegar a 1,35 trilhão de euros, ou US$ 1,5 trilhão para garantir um fluxo constante de crédito barato para consumidores e empresas da zona do euro.

O governo da chanceler Angela Merkel, da Alemanha, há apenas alguns meses uma fortaleza de conservadorismo fiscal, anunciou um pacote de cortes de impostos, ajuda a pequenas empresas, pagamentos em dinheiro aos pais e outras medidas no valor de 130 bilhões de euros. As medidas precisam passar pelo processo de aprovação, que exige a ratificação pelos países da União Europeia e pelo Parlamento Europeu.

Uma semana antes, a Comissão Europeia apresentou um plano para arrecadar 750 bilhões de euros em recuperação de pandemia com a venda de títulos que seriam lastreados por todos os 27 membros da União Europeia, o primeiro do bloco em tão grande escala. Individualmente, a França anunciou um programa de estímulo de 45 bilhões de euros, também superando as expectativas.

A velocidade da resposta da Europa foi uma surpresa, especialmente após as disputas internas e procrastinação que marcaram a resposta dos líderes à crise da dívida da zona do euro que começou em 2010. O euro evitou o colapso somente porque o Banco Central Europeu interveio para evitar custos de empréstimos do governo de girar fora de controle. Desta vez, o banco central e os governos estão agindo em conjunto.

Os economistas da equipe do BCE previram na quinta-feira que a economia da zona do euro cairá 9% este ano; uma queda mais profunda é possível. Christine Lagarde, presidente do BCE, disse que “a melhoria até agora foi morna”. Embora a Alemanha tenha mudado sua postura, outros países expressaram sua resistência ao pagamento de dinheiro como doações em vez de empréstimos a serem pagos, entre eles Áustria, a Dinamarca e a Suécia.

Virada na Alemanha

Mas a virada da Alemanha nos gastos do governo ilustra o quanto as atitudes mudaram. Apenas alguns meses atrás, os líderes alemães estavam dando palestras a outros países europeus sobre as virtudes da austeridade. Agora, eles são os grandes gastadores do continente. De acordo com o plano anunciado pelo governo alemão, as famílias receberão 300 euros, ou cerca de US $ 336, por filho, além de redução de impostos e corte nas contas de eletricidade.

O plano também inclui 5,3 bilhões de euros para o sistema de seguridade social, 10 bilhões de euros para ajudar os municípios a cobrir custos de moradia e outros, e 1,9 bilhões de euros para instituições culturais e grupos sem fins lucrativos. Inclui incentivos para a compra de veículos elétricos, mas nenhum para motores a gasolina ou diesel.

A taxa de desemprego na Alemanha, 3,5%, ainda é extremamente baixa. Mas um quinto dos trabalhadores do país recebe licença ou trabalha com horas reduzidas por causa da pandemia, com o governo compensando a maior parte dos salários perdidos. Muitas dessas pessoas podem ficar oficialmente desempregadas se seus empregadores fecharem de vez ou diminuirem de tamanho. “Precisamos sair dessa crise com força”, disse o ministro das Finanças, Olaf Scholz.

Fundo do poço nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, o tombo provavelmente está levando o país ao fundo do poço e a recuperação pode levar anos. O governo informou que 1,9 milhão de norte-americanos haviam se inscrito no seguro-desemprego durante a última semana de maio – um número alto, mas o mais baixo desde que o novo coronavírus começou a se espalhar amplamente. “Essa recessão será a mais curta e provavelmente a mais severa da história”, disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, ao jornal The Washington Post. O Escritório de Orçamento do Congresso divulgou projeções esta semana mostrando que não espera que a economia dos Estados Unidos se recupere totalmente até 2030.

Por enquanto, a economia está no limbo, com muitas empresas operando com meia capacidade e um grande ponto de interrogação sobre quanto tempo as empresas podem sobreviver dessa maneira. Os trabalhadores não têm certeza de quando serão chamados de volta. Os orçamentos estaduais e locais foram dizimados, o que provavelmente provocará mais demissões ainda este ano.

A taxa de desemprego de maio deve ficar perto de 20%, um nível não observado desde a década de 1930. Mais de 40 milhões de pessoas se candidataram a benefícios de desemprego durante a pandemia e cerca de 30 milhões as estão recebendo, números anteriormente inimagináveis ​​que destruíram um mercado de trabalho em que o desemprego estava em níveis históricos baixos em fevereiro.

Com informações da mídia da Europa e dos Estados Unidos

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