Maia rechaça fala de Bolsonaro e diz que decisão judicial se respeita

Bolsonaro ameaçou descumprir determinação de ouvir Abraham Weintraub. O presidente da Câmara disse ainda que Eduardo Bolsonaro, que pregou “ruptura institucional”, pode responder no Conselho de Ética.

O presidente da Cãmara, Rodrigo Maia - Foto: Cleia Viana/Agência Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se pronunciou nesta quinta-feira (28) contra as falas de Jair Bolsonaro (sem partido) e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Em entrevista à Rádio Tupi, Maia afirmou que as instituições estão “garantindo sua independência” e que decisões judiciais devem ser respeitadas. “A decisão do próprio ministro Alexandre [de Moraes] de ouvir [Abraham] Weintraub precisa ser respeitada. A gente não pode ir contra uma decisão do Judiciário porque foi contra um aliado nosso. Precisam ser respeitadas. O governo tem o direito de criticar, [mas] o tom é ruim, o tom é excessivo”, afirmou.

Jair Bolsonaro disse hoje que “ordem absurda” não deve ser cumprida, referindo-se à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, seja ouvido sobre disseminação de notícias falsas.

O presidente da Câmara afirmou ainda que que o problema das notícias falsas existe, influenciou as eleições no Brasil e que é preciso aprovar uma lei responsabilizando as plataformas de redes sociais pelos efeitos danosos disso na sociedade.

Maia comentou também declarações do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, que participou de live com o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, um dos investigados no inquérito do Supremo que apura uma rede de disseminação de fake news. No vídeo, Eduardo diz que haverá “ruptura institucional” no país.

Disse que a Câmara pode analisar as falas de Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética, quando este voltar a funcionar, se um partido entrar com uma representação contra ele. E que “espera” que ele não tenha ouvido do pai que uma “ruptura institucional” se aproxima.

Mais tarde, Maia foi questionado por jornalistas sobre novas declarações de Eduardo Bolsonaro. O filho do presidente disse à rádio Bandeirantes que militares poderiam “botar panos quentes” no conflito entre Executivo e STF, para que depois seja retomada a normalidade democrática.

“Acredito que os militares têm responsabilidade, sabem o seu papel. Sabem que o seu papel não é muitas vezes o que é defendido pelo deputado Eduardo Bolsonaro”, disse.

Reincidente

O presidente da Câmara respondeu, também, sobre porque o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados ainda não puniu falas antidemocráticas de Eduardo Bolsonaro, que são reincidentes.

“No momento que o Conselho de Ética voltar a funcionar, certamente o deputado terá todo o direito de responder, de fazer sua defesa, sua explicação do que quis dizer. Cabe ao Conselho de Ética decidir o que faz. Nós vamos esperar algumas semanas para restabelecer o Conselho de Ética e aí, claro, é o caminho adequado para esses debates.”

Hoje o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) solicitou uma reunião e foi recebido por Jair Bolsonaro em uma tentativa de promover “pacificação” poucas horas após as ameaças do presidente de descumprir decisão do Supremo. Segundo relatos de bastidor, houve reclamações do presidente sobre “excessos” do Supremo. Convidado por Alcolumbre, Maia preferiu não ir ao encontro.

Com informações de O Globo

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