Ante repúdio, conferência de Sergio Moro é suspensa em Buenos Aires

O juiz que perseguiu e aprisionou Lula foi convidado a falar sobre a “luta contra a corrupção” na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires (UBA)

O anúncio de uma conferência na Faculdade de Direito da UBA (Universidade de Buenos Aires), na qual participaria o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Sergio Moro, gerou a rejeição de amplos setores políticos e profissionais, que organizaram uma campanha contra sua presença, via Zoom, agendada para 10 de junho no simpósio “Combate à corrupção, democracia e Estado de Direito”. No final, os organizadores anunciaram a suspensão da palestra.

A instituição que organizou a palestra é o Centro de Estudos sobre Transparência e Combate à Corrupção, liderado por Carlos Balbín, que foi procurador do Tesouro em uma seção do governo Mauricio Macri.

Aqueles que repudiam a presença do ex-ministro Bolsonaro lembraram que “Sergio Moro era o arquiteto e executor da perseguição judicial contra o ex-presidente Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva, por meio do qual ele não pôde se candidatar à eleição” no âmbito da investigação da Lava Jato.

Os mesmos promotores da coleta de assinaturas contra sua participação no colóquio especificaram que, com sua presença no gabinete do presidente de extrema direita, Moro demonstrou “sua absoluta parcialidade em relação a quem ele havia julgado previamente” e que o governo Bolsonaro “é reconhecido por violar e atacar os direitos das minorias étnicas, sexuais, religiosas, os direitos das mulheres e por promover o ódio e a discriminação como uma ferramenta política”.

E acrescentaram que “Moro é um símbolo da pior face do Poder Judiciário nas nações latino-americanas, sendo uma engrenagem fundamental no ‘Lawfare’, ou guerra judicial contra líderes políticos da região”, pelo que rechaçam “sua presença em qualquer atividade organizada por qualquer universidade e solicitamos à Faculdade de Direito que analise a atividade “.

Moro era ministro da Justiça de Bolsonaro desde a posse do presidente ultraconservador, em 1o. de janeiro de 2019, e deixou seu cargo no final de abril, em confronto com o presidente. Ele deixou seu posto denunciando que Bolsonaro estava tentando interferir na Polícia Federal, que está investigando dois de seus filhos.

Nas redes sociais foram acrescentados repúdios. A voz principal foi a da Ministra da Mulher, Gênero e Diversidade, Elizabeth Gómez Alcorta.

Publicado em Página 12

Autor