The Guardian chama reunião ministerial de ‘show de horrores’

Jornal britânico diz que o conteúdo divulgado na última sexta (22) tratou de pintar um “retrato miserável do governo de extrema-direita” do Brasil

O jornal britânico The Guardian chamou de “show de horrores” o vídeo da reunião do alto comando do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) do último 22 de abril.

Repetindo a expressão proferida pela ex-ministra do meio ambiente, Marina Silva (Rede), o diário diz que o conteúdo divulgado na última sexta (22) tratou de pintar um “retrato miserável do governo de extrema-direita” do Brasil.

O periódico cita, ainda, que Bolsonaro está no centro de uma investigação sobre a tentativa de interferência na Polícia Federal e que este poderá ser o fim de seu governo. “Bolsonaro surge como o xingador-chefe do Brasil, proferindo 34 palavrões, segundo relatos locais. “Esses bastardos estão atrás da nossa liberdade – é por isso que quero que o povo se arme”, declara a certa altura.

Na sequência, também sublinha as grosserias ditas pelo presidente brasileiro e transcreve trechos do vídeo, incluindo os xingamentos que marcaram o encontro.

“‘Se [a esquerda] assumisse o poder em 1964, estaríamos fodidos’, proclamou o presidente pró-ditadura do Brasil em um ponto’. ‘Oh, vá se foder. Fui eu quem escolheu esse maldito time’, reclamou da falta de elogios da mídia por sua liderança”.

Distanciamento social

Referindo-se a Bolsonaro como “populista de direita”, o Guardian também afirma que o presidente rejeita críticas por desrespeitar as diretrizes de distanciamento social. “’Um péssimo exemplo, meu cu’, rebate Bolsonaro, antes de aparentemente confundir a palavra ‘hemorroida’ com ‘hegemonia” ou ‘hemorragia’”, ironizou.

‘Eu não vou esperar eles foderem minha família inteira ou meus amigos, de sacanagem, ou amigos meus’, diz Bolsonaro. Dezenove dos parentes do presidente estão sob investigação policial, incluindo dois filhos seus, embora Bolsonaro negue que seja esse o caso”, diz um outro trecho da matéria.

Pandemia

O jornal também aponta que a grosseria de Bolsonaro chegou às manchetes da primeira página, “mas muitos ficaram horrorizados com a falta de foco na covid-19, que já matou mais de 21.000 brasileiros.

“No dia da reunião, o Brasil já havia sofrido quase 3 mil mortes pelocoronavírus – e a questão simplesmente não foi levantada”, disse Sônia Bridi. “Isso apenas mostra como fomos abandonados pelo governo federal durante esta pandemia.”

Em uma quarta ocasião, que poderia ter sérias implicações para sua presidência, fornecendo possíveis motivos para impeachment, Bolsonaro parece confirmar as alegações de seu ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, de que ele procurava proteger sua família da investigação por se intrometer na polícia federal.

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