Lênin: resgatar seu pensamento é uma necessidade vital e pertinente

Com um atraso, a publicação deste texto trata de uma singela homenagem ao grande líder da revolução russa e inspirador das sucessivas lideranças e experiências socialistas. Por não conter estudos aprofundados e por ser imensa suas contribuições, apresento elementos básicos do pensamento leninista.

Ilustração: Carvall

Do grande líder da Revolução Russa de 1917, herdamos a capacidade de abstrair e intervir assertivamente aos novos fenômenos da luta de classes, se situar na fase do capitalismo, da ordem geopolítica, identificar a força da organização revolucionária e do opressor e fundamentar esses movimentos ao método dialético materialista. Refiro-me a Vladimir Lênin, que no dia 22 de abril completou 150 anos do seu nascimento.

Suas contribuições permanecem atualizadas na nova luta do socialismo do século XXI. Por isso, a importância de resgatar permanentemente seu legado na luta de ideias, de massas e na via institucional.

Resgatar o papel de Lênin no pensamento da intelectualidade da esquerda – nas atuais experiências de transição socialista, na nova luta anticapitalista, na atualização da construção partidária, na análise sistêmica do capitalismo, das conjunturas, na elaboração estratégica e na atuação política -, é uma necessidade vital para os comunistas.

Por um lado, os ideólogos do liberalismo apresentam Lênin como oportunista, golpista sanguinário e opressor, e dentre outros adjetivos disseminados pelas ideias dominantes. Já o esquerdismo, apropria-se equivocadamente das suas formulações e das práxis. Nas universidades e na corrente social democrata de esquerda, seu pensamento passa longe de qualquer apreciação sem deturpação.

No entanto, no Partido Comunista do Brasil, o seu legado tornou-se alicerce na modernização e atualização de um partido contemporâneo. Temos o desafio de ampliar e aprofundar a propagação do seu pensamento no seio do partido e nas variadas disputas.

Lênin foi um grande leitor de Marx e Engels, pois traduziu as elaborações marxiana para a realidade concreta da Rússia e do mundo. Mostrou a viabilidade da revolução em um país atrasado, mas entendeu de imediato a necessidade de alavancar as forças produtivas para modernizá-la e iniciar uma transição. Reinterpretou a importância de derrotar um regime absolutista, instalar a democracia burguesa de cunho nacional e de fortalecer a classe operária.

Além disso, Lênin situou a luta anticolonial e os direitos dos povos pela autodeterminação como sinônimos da luta socialista. Coube-lhe desenvolver a questão da transição e da construção do Estado proletário.

Teve uma rica interpretação sobre a situação revolucionária, do momento adequado para ruptura, e dos primeiros alicerces da transição socialista. Através do materialismo dialético e da ação organizada, combateu o puro espontaneísmo, o idealismo, o economicismo, o determinismo, o mecanicismo, o evolucionismo e o etapismo – elementos presentes na social democracia e no esquerdismo.

Através da ciência marxista e de sua real experiência revolucionária, sitou-se sobre a formação econômica social da Rússia. Superou as falsas acusações de “apologista do capitalismo ao defender a necessidade da revolução burguesa (1905) e da transição primária ao socialismo – cujas condições objetivas eram de desenvolver as forças produtivas e um Capitalismo de Estado”.

 A Nova Política Econômica (NEP) de 1921 tratou também de uma aliança política e econômica com os camponeses, sob a liderança da classe operária. Foi um duro processo de disputa contra o sectarismo, principialismo e doutrinarismo dos “doentes do comunismo infantil”. Esses enfrentamentos condicionaram êxitos e avanços no pensamento marxista até os dias atuais.

No período de grande repressão czarista, constituiu energicamente um partido de vanguarda revolucionário, com disciplina, capaz de conquistar as massas operárias e garantir autonomia. Um partido sagaz no momento de sublevação das massas revolucionárias, moldado para nova fase de ruptura (partido de vanguarda e de massa) e preparado para conquistar as classes subalternas e, assim, tornar-se hegemônico.

Lênin captou a mensagem das massas – Terra, Paz e Pão, e, assim, adaptou a necessidade imediata em uma nova transformação radical da sociedade.

Soube aproveitar as contradições da burguesia nacional – incapaz de romper com a velha estrutura czarista, de desenvolver o capitalismo no campo, de retirar o país da guerra e colocar na rota do progresso econômico e social. Ademais, tirou proveitos dos impasses entre os países imperialistas durante e pós a Primeira Guerra Mundial.

Aprendemos com Lênin que a tática deve estar articulada com a estratégia revolucionária, realizando flexibilizações para cada momento peculiar, sem perder autonomia e os princípios. E que a acumulação de forças deve estar assentada nas condições objetivas e subjetivas em cada período.

Portanto, a rica presença de Lênin na Revolução Russa deu-se no aspecto político, cultural, social e econômico. Na emancipação feminina, no realismo literário e cinematográfico na União Soviética. Foi um estadista de ponta e viabilizou as bases da primeira experiência mundial da transição socialista.

Mudou a rota da história da humanidade, passando por “uma curva fora da linha”, e ascendeu um “farol às outras revoluções”.

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