Governadores rechaçam decreto de Bolsonaro sobre ‘serviços essenciais’

Flavio Dino ironizou o decreto que amplia as atividades essenciais: “O próximo decreto de Bolsonaro vai determinar que passeio de jetski é atividade essencial?”, disse, referindo-se ao programa do presidente pelo Lago Paranoá.

(Foto: Evaristo Sa/AFP)

Em meio à pandemia de coronavírus, o presidente Bolsonaro publicou decreto incluindo na lista de “serviços essenciais” as atividades de salões de beleza, barbearias e academias de esportes.

A maioria dos governadores criticou a medida. Eles disseram que não vão seguir as novas diretrizes.

No dia 15 de abril, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que cabe aos estados e municípios decidirem sobre as medidas restritivas de combate à pandemia.

Com o estado em pleno lockdown (bloqueio máximo) das atividades, o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB) foi irônico ao comentar a iniciativa de Bolsonaro.

Flavio Dino lembrou do passeio de jetsky feito por Bolsonaro no Lago Paranoá. “O proximo decreto de Bolsonaro vai determinar que passeio de jetski é atividade essencial?”, ironizou.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou que as medidas de seu estado são baseadas na ciência para rechaçar o decreto de Bolsonaro. Segundo ele, o momento pede um aumento das medidas de isolamento social.

“Pernambuco tem seguido a ciência, acompanhado a experiência mundial, observado as evidências. Estamos entrando em um período crítico da Covid-19 no estado, mas queremos que ele seja um momento de virada, com a ampliação do isolamento social reduzindo a propagação da doença”, afirmou.

Camilo Santana (PT), governador do Ceará, publicou em suas redes sociais que “apesar do presidente baixar decreto considerando salões de beleza, barbearias e academias de ginástica como serviços essenciais, esse ato em NADA altera o atual decreto em vigor no Ceará, e devem permanecer fechados”.

“Continuaremos com medidas regionais, alinhando medidas locais com os prefeitos, na proporção da taxa de contaminação”, afirmou Rui Costa (PT), governador da Bahia.

O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), divulgou em suas redes sociais na noite de segunda-feira (11) a lista de atividades consideradas essenciais em São Paulo. Academias, barbearias e salões de beleza não estavam incluídas.

“Causa estranheza a maneira como foi anunciado, ontem, o decreto do presidente Jair Bolsonaro, que inclui na lista de serviços essenciais as atividades de salões de beleza, barbearias e academias. O próprio ministro da Saúde ficou, visivelmente, surpreso com a medida”, disse à CNN o prefeito de Campinas (SP) e presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette (PSB).

Ministro surpreso

O ministro da Saúde, Nelson Teich, foi surpreendido ao saber da medida pelo jornalistas numa coletiva de imprensa.

“O que eu acho hoje é o seguinte: se você criar um fluxo que impeça que as pessoas se contaminem, e se você criar condições e pré-requisitos para que você não exponha as pessoas ao risco de contaminação, você pode trabalhar retorno de alguma coisa. Agora, tratar isso como essencial é um passo inicial, que foi uma decisão do presidente, que ele decidiu isso aí. Saiu hoje isso? Decisão de?”, disse Teich.

“A decisão de atividades essenciais é uma coisa definida pelo Ministério da Economia. E o que eu realmente acredito é que qualquer decisão que envolva a definição como essencial ou não, ela passa pela tua capacidade de fazer isso de uma forma que proteja as pessoas. Só para deixar claro que isso é uma decisão do Ministério da Economia. Não é nossa”, completou o ministro, totalmente perdido.

Com informações de agências

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