Cesta básica aumentou em 16 das 27 capitais

Em abril, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 101 horas e 44 minutos.

Dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (tomada especial devido à pandemia do coronavírus), realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), indicou que os preços do conjunto de alimentos básicos aumentaram em 16 capitais em relação a março. Apesar de a tomada apresentar diferença em relação à metodologia original do levantamento, indicou tendência de alta no valor da cesta básica.

Em São Paulo, única capital onde foi realizada coleta presencial, a cesta custou R$ 556,25, alta de 7,28% em relação a março. No ano, o conjunto de alimentos variou 9,82% e, em 12 meses, 6,55%.

Com base na cesta de maior valor, ou seja, São Paulo, o Dieese estimou que o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 4.673,06, ou 4,47 vezes o mínimo vigente de R$ 1.045.

Em abril de 2020, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 101 horas e 44 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, alterado para 7,5%, com a Reforma da Previdência, a partir de março de 2020, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em abril, em média, metade da jornada para comprar os alimentos básicos (50%).

O feijão apresentou alta em todas as capitais pesquisadas e mesmo relativizando a variação, por conta da coleta parcial, os aumentos foram expressivos, indicando que o produto tem sido vendido por maior valor nos supermercados das capitais pesquisadas. O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, variou entre 5,59%, em Brasília, e 37,73%, em Campo Grande. Já o preço do feijão preto, pesquisado nos municípios do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, subiu mais na capital capixaba (29,96%). A baixa oferta do grão com qualidade e a redução de área plantada devem manter a trajetória de elevação do preço do grão carioca.

O leite apresentou elevação de valor em 15 cidades. Por causa da pandemia, os preços foram coletados majoritariamente em padarias, onde realizar a pesquisa por telefone foi mais fácil e onde o valor de comercialização tende a ser maior do que nos supermercados. A alta registrada, no entanto, tem grande relação com a redução da oferta do produto devido à entressafra e à disputa pela matéria-prima por parte das indústrias de laticínios, o que elevou o preço pago aos produtores de leite e encareceu o derivado UHT nos estabelecimentos comerciais. Em Porto Alegre, São Paulo e Goiânia, as variações foram, respectivamente: 15,65%, 15,30% e 15,25%, entre março e abril.

A batata, pesquisada no Centro-Sul, teve o preço majorado em 8 das 10 cidades. Em Belo Horizonte, o aumento superou 40%. A alta registrada se deveu, em grande parte, à baixa oferta do tubérculo.

O óleo de soja, que já mostrava trajetória de alta, teve o preço médio maior em 14 cidades, com destaque para Recife (6,37%). Além do grande volume exportado de soja, o óleo degomado vinha sendo usado para a produção de biodiesel, provocando redução da oferta interna. Em abril, a demanda para produção do biocombustível diminuiu bastante devido à pandemia, o que pode se refletir nos valores da lata de óleo de soja nos próximos meses. A carne bovina de primeira teve o preço majorado em 13 capitais, o que pode ser influenciado, em parte, pela maior facilidade em coletar, por telefone, os valores junto aos açougues. Fortaleza, Curitiba e Aracaju tiveram variações acima de 7% em relação a março e, em São Paulo, a alta foi de 5,06%. Apesar do final da safra, a demanda externa por carne esteve aquecida e a oferta, menor.

O preço da banana aumentou em 12 cidades, em relação a março, com destaque para Vitória (29,98%). Em São Paulo, o valor da fruta aumentou 10,36%. Entressafra e baixa oferta explicaram as elevações em grande parte das cidades.

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