Bolsonaro isolado e avanço da Covid-19: destaques da Semana Vermelha

A Semana do Portal Vermelho foi marcada ainda pela agressividade dos bolsonaristas e pela morte do grande compositor Aldir Blanc.

Foto: Silvia Izquierdo/AP

Bolsonaro, dois prá lá, dois prá cá – Na semana quando a música ficou pobre, e triste, o mote que marca a conjuntura foi escrito pelo grande músico e escritor que a Covid-19 tirou de nossa convivência – Aldir Blanc. No título e nos versos da canção célebre – “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá” – está a descrição perfeita das oscilações de Bolsonaro. Ele foi a um ato público fascista, contra o Congresso e o STF – e onde jornalistas do Estadão foram agredidos, provocando fortes reações contrárias; marcou um churrasco e, ante a reação negativa, desistiu – o regabofe ocorreria no dia em que a pandemia chegou a 10 mil mortos, levando o Congresso a decretar luto de três dias. Ele renomeou um maestro direitista para a Funarte, mas desistiu ante a reação contrária de outra direitista, a secretária de Cultura Regina Duarte, que havia demitido o maestro em março. E por aí segue ele, um teatro macabro, insistindo em tentar relaxar as medidas contra a pandemia. Chegou inclusive à pouco polida iniciativa de uma visita não agendada ao STF, acompanhado por empresários, para pressionar contra a decisão que reconhece a governadores e prefeitos o direito de tomar medidas contra a pandemia. Ouviu um não sonoro de Dias Toffolli, presidente do STF. Bolsonaro tenta, com suas ações acumular – e demonstrar – forças para suas ações contra a democracia. Nessa linha, recebeu em Palácio o torturador e assassino do Araguaia, o nefando Major Curió. Mas enfrenta forte resistência da sociedade civil, onde cresce o número daqueles que querem seu afastamento – a CNBB pede abertamente seu impeachment. Pedido que, certamente, é reforçado por pesquisas de opinião que mostram que suas ações não têm apoio entre o povo – pesquisa divulgada recentemente pela CNI, mostrou que 77% dos brasileiros temem perder o emprego e 86% apoiam as medidas tomadas por governadores e prefeitos contra o Covid-19.

Bolsonaro vai a ato contra o Congresso Nacional e STF, onde jornalistas são agredidos – Agressões de Bolsonaro e de bolsonaristas geram amplo repúdio – A participação de Bolsonaro em outra manifestação da direita, em Brasília, no domingo (3), com críticas ao STF e ao Congresso Nacional gerou amplo repúdio. Ele disse ter o povo e as Forças Armadas a seu lado. E disse: “Chegamos no limite, não tem mais conversa”. Bolsonaro voltou a atacar governadores por medidas contra a pandemia e disse querer “um governo sem interferência, que possa atrapalhar para o futuro do Brasil”. No ato houve gritos de apoio ao presidente e críticas a Moro. Em frente ao STF, alguns gritaram “vamos invadir”. “Olé, olé, STF é puxadinho do PT”. Jornalistas do Estadão foram agredidos, verbal e fisicamente. A Associação Nacional de Jornais, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ministros do STF,condenaram as agressões. Para o ministros do STF Alexandre de Moraes, as “agressões contra jornalistas devem ser repudiadas pela covardia do ato e pelo ferimento à Democracia e ao Estado de Direito, não podendo ser toleradas pelas Instituições e pela Sociedade”.

Jornalistas e juízes protestam contra agressão bolsonarista – As entidades, relata o jornal Correio Braziliense, lembraram que mais do que agressões físicas e verbais, o ato atenta contra a liberdade de imprensa.- A associação Brasileira de Imprensa (ABI) – A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) – Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe)

Luto por mais de 10 mil mortos na pandemia – Câmara e Senado decretam luto pelos 10 mil mortos por Covid-19 no país – Luto de três dias pelos mortos da pandemia, adotado pelo Congresso no sábado (9), proibe festas e comemorações nesses dias. Na contramão, Bolsonaro havia dito que faria um churrasco. No sábado ele desmentiu o churrasco e disse que era um evento “fake” (falso). “Comemorar o quê?”: congressistas criticam “churrasco bolsonarista” – “Comemorar o quê? O Brasil no sábado terá talvez 11 mil mortos. E Bolsonaro o que faz?”, questionou o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA). A notícia de que Bolsonaro planeja um churrasco no sábado (9), no Palácio da Alvorada, gerou uma onda de críticas ao mandatário brasileiro. Jandira Feghali (PCdoB-RJ) não escondeu a perplexidade diante da afirmação do presidente. “Mais de 9 mil mortes de Coronavírus. Mais de 135 mil casos de coronavírus. E Bolsonaro vai fazer um churrasco pra 30 pessoas. É surreal ver como Bolsonaro age para agredir o país, agredir as famílias de doentes e mortos, de enviar mensagem criminosa contra as normas de saúde”, disse.

CNBB quer impeahment de Bolsonaro – CNBB e entidades pedem o afastamento de Jair Bolsonaro – A Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da CNBB, assumiu, na sexta-feira (24), a defesa do afastamento de Bolsonaro A OAB, a ABI e a SBPC entre outras, subscreveram essa manifestação. D. Walmor, presidente da CNBB, quer medidas de proteção social mais rápidas e diz que a desinformação na pandemia é um “itinerário para a morte”. A Comissão Brasileira de Justiça e Paz critica Bolsonaro e defende seu afastamento “para salvar vidas e a democracia”.

Bolsonaro recebe, em Brasília, o torturador e assassino do Araguaia – Deputadas repudiam Bolsonaro por receber torturador no seu gabinete – Parlamentares do PCdoB consideram o ato uma agressão às vítimas da ditadura e uma provocação contra a democracia e o Estado de Democrático de Direito. Bolsonaro recebeu na segunda-feira (4), no Palácio do Planalto, o coronel da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, um dos chefes da repressão à Guerrilha do Araguaia. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) considerou mais uma agressão do presidente as vítimas da ditadura militar.

O vai-não-vai de Bolsonaro – Mantovani cai da Funarte pela segunda vez, sem nem assumir – Numa demonstração do bate cabeça do governo Bolsonaro, o maestro Dante Mantovani, de extrema direita, é reconduzido à Funarte; a secretária de Cultura Regina Duarte, que o havia demitido em março, se surpreende e o maestro cai no mesmo dia. Bolsonaro enquadra Regina Duarte, que fica no governo – Bolsonaro teria falado à secretária da Cultura: “Ou você adere às minhas ideias, ao meu governo, que é conservador, ou a porta está aberta”.- A secretária de Cultura, Regina Duarte, se realinha com o presidente Bolsonaro após boataria de que seria demitida. Regina se reuniu na quarta-feira (6) com Bolsonaro – A permanência de Regina na pasta ocorre após uma nova crise no governo, que teve início com a renomeação do maestro Dante Mantovani como presidente da Funarte. “Então, assim, eles ainda estão decidindo. Está decidido. Eu não sei, não sei. Que loucura. Acho que ele está me dispensando”, afirmou a atriz a uma assessoria na terça (5).

Bolsonaro e a barragem da Justiça – Ações na Justiça contra Bolsonaro freiam seu ímpeto autoritário – Como perde apoio em todos os segmentos, Bolsonaro joga para sua própria plateia, um séquito partidário da violência e de bandeiras golpistas contra o Congresso, STF e pela instituição do AI-5. Não fosse as diversas ações que tramitam na Justiça contra atos do governo e o pleno funcionamento das instituições, Bolsonaro poderia ter avançado na destruição do Estado brasileiro e contra o que é mais valioso a todos: a vida.

O não do STF para Bolsonaro – Bolsonaro pressiona contra isolamento e Toffolli cobra coordenação – O presidente, ministros e empresários pressionaram o presidente do STF para que as medidas restritivas contra a pandemia sejam relaxadas. Eles foram ao STF, na quinta-feira (7), sem ter agendado a visita com antecedência. Bolsonaro tentou convencer o STF a revogar a decisão que permite aos estados e municípios definir as medidas combate ao coronavírus. No STF, Dias Toffoli jogou um balde de água fria naquelas pretensões. Ele afirmou que Bolsonaro deve formar um comitê de crise com representantes do Congresso, estados e municípios, em diálogo com trabalhadores e empresários, para coordenar um eventual relaxamento do isolamento. Crise se agrava com Bolsonaro jogando bomba no colo do STF – A agressiva “visita” de Jair Bolsonaro ao STF na quinta-feira (7), forçando uma reunião não agendada com seu presidente, Dias Toffoli, colocou o ministro numa armadilha. “Bolsonaro atravessou a rua e, sem mediação, colocou a bomba da paralisação da economia no Supremo“Há dois meses eu venho falando que a economia não pode parar porque a economia também é vida”, disse Bolsonaro ao sair do STF. – o chefe do Executivo impôs uma pressão externa sobre a Corte, e também interna, sobre Toffoli. Na opinião do professor, a situação é de um conflito institucional perigoso, levando-se em conta que o governo Bolsonaro tem os militares como avalistas. Almeida acredita que nada vai ser definido enquanto os militares não abandonarem o barco. “Se isso acontecer, o barco pode afundar. Mas a situação é grave porque estamos numa democracia em que a estabilidade do governo depende das Forças Armadas.” Na opinião de Frederico de Almeida, a movimentação agressiva de Bolsonaro é calculada e se relaciona com as pesquisas de opinião. Isso porque, de modo geral, as sondagens têm mostrado queda de popularidade do presidente entre as classes médias e altas.

Quase oito em cada dez (77%) brasileiros têm medo de perder o emprego – Perda da renda mensal já atingiu 40% dos brasileiros – Pesquisa da CNI, divulgada na quinta-feira (7), mostra que a perda de renda já atingiu quatro em cada dez brasileiros desde o início da pandemia. Do total, 23% perderam totalmente a renda e 17% tiveram redução no ganho mensal, atingindo o percentual de 40%. E 77% tem medo de perder o emprego, o mesmo percentual dos que pretendem reduzir o consumo. A pesquisa revela que 86% apoiam o isolamento social, e 93% mudaram a rotina no período de isolamento.

Cai quase toda a produção de veículos – Enquanto governo faz teatro, produção de carros cai 99,3% – A produção de veículos no Brasil caiu 99,3% em abril, na comparação com abril de 2019. Os licenciamentos de veículos também caíram 76%. O número foi divulgado na sexta-feira (8) pela Anfavea. “É o pior resultado da série histórica da indústria automobilística desde 1957”, disse o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes.

Tristeza – o coronavírus leva Aldir Blanc – Aldir Blanc (1946-2020), o compositor da “esperança equilibrista” – Artista carioca morreu na segunda-feira (4), aos 73, vítima do coronavírus.

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