Pernambuco prepara lockdown e provoca Ministério da Saúde

Governo pede ajuda do Exército e exige manifestação de Teich em apoio ao lockdown. Estado registra queda na adesão ao isolamento social e crescente sobrecarga no sistema de saúde.

População forma fila em frente a Caixa Econômica de Recife à espera de auxilio emergencial

Com queda na adesão ao isolamento social e a crescente sobrecarga no sistema de saúde, Pernambuco estuda aplicar lockdown, ou seja o bloqueio total nas cidades, por causa do avanço do novo coronavírus. Segundo autoridades sanitárias do Estado, o governo já pediu apoio do Exército e apresentou a proposta à Assembleia Legislativa e ao Ministério da Saúde.

Sobre a solicitação, o Comando Militar do Nordeste (CMNE) informou que ações com o emprego da tropa devem ser submetidas ao Ministério da Defesa. O CMNE informou que o Comando Conjunto Nordeste foi criado para colaborar no enfrentamento à covid-19 em Pernambuco e outros estados da área de atuação.

Entre as ações realizadas estão apoio logístico, capacitação dos militares, ações de desinfecção em estações de metrô, doação de sangue, distribuição de cestas básicas, entre outros. 

De acordo com o secretário estadual de Saúde, André Longo, o governo desenha e estuda o processo “para garantir que ele seja exitoso”. “Obviamente é muito difícil pensar no lockdown ou na chamada quarentena absoluta sem o apoio do governo federal e das Forças Armadas. Temos avaliado essa situação diuturnamente com o governador, secretários e técnicos para que possamos tomar melhores decisões para Pernambuco”, disse. “É muito importante, neste momento, achatar a curva para que a gente possa chegar no pico da epidemia com o número menor de casos e de mortes.”

De acordo com Longo, o governo de Pernambuco enviou ofício ao Comando Militar do Nordeste, solicitando apoio em medidas restritivas contra a covid-19. O Estado teria pedido, ainda, auxílio do Ministério da Saúde para aplicar o lockdown.  

O governador Paulo Câmara gravou um pronunciamento e solicitou que o Ministério da Saúde apoie as medidas para aumentar o isolamento social no Grande Recife.

“Nós fizemos questão de fazer esse pedido para que houvesse uma manifestação pública por parte do Ministério da Saúde, reconhecendo as dificuldades de Pernambuco”, disse o secretário. “Infelizmente, a gente ainda não tem a unidade que permita trabalhar, todos juntos, para construir o lockdown ou a quarentena necessária. E, após isso, construir a saída com critérios.”

Segundo o boletim epidemiológico desta segunda-feira (4), Pernambuco registrou até o momento 9.325 diagnósticos e 749 mortes por covid-19. A taxa de ocupação de leitos, de acordo com balanço da segunda-feira (4) da Central Estadual de Regulação Hospitalar, está em 93%. Os leitos de UTI estão 98% ocupados e os de enfermaria, 89% ocupados.. “Não temos outra saída senão aumentar o isolamento social”, disse o secretário.

Na análise do governo, a situação mais preocupante é do Grande Recife, considerado epicentro da pandemia. “O balanço indica que 90% dos casos de maior gravidade estão localizados na Região Metropolitana do Recife, que tem também cerca de 85% dos casos de óbito”, afirmou Longo.

Monitoramento em Pernambuco aponta quedas consecutivas na adesão ao isolamento social, segundo o governo. Na última medição, feita na semana passada, o índice estava em 46% – bem abaixo dos 70% preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Recentemente, também foram registradas filas e aglomerações em agências bancárias e lotéricas para a retirada do benefício oferecido pelo governo federal.

Na capital, a prefeitura pretende atuar “cirurgicamente” em bairros com menor adesão à quarentena com trabalho educativo e fiscalizatório. Na capital, 73 dos 94 leitos de UTI estão ocupados por pacientes com coronavírus. A prefeitura também depende de “uniformidade de pensamento” e coordenação com os entes federativos, numa alusão à dificuldade de obter apoio do presidente Bolsonaro e sua equipe.

Ainda de acordo com as autoridades sanitárias, tanto o Estado quanto a capital estudam tornar obrigatório o uso de máscaras nas ruas. No momento, a prática é apenas uma recomendação. Consultores do governo avaliam que a quarentena total é inviável devido às condições socioeconômicas da população que poderia gerar revolta.

Com informações do Estadão e do Governo de Pernambuco