Parlamentares cobram ação contra atos criminosos e antidemocráticos

Congressistas condenam agressões de Bolsonaro e sua claque em novo ato antidemocrático e cobra ação das forças de segurança

Fotógrafo é pisoteado por apoiadores de Bolsonaro l Foto: Ueslei Marcelino/Reuter

3 de maio de 2020. Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. No Brasil de Bolsonaro, no entanto, a data ficará marcada pela desleal agressão aos profissionais do jornal O Estado São Paulo durante cobertura do ato antidemocrático realizado por apoiadores do governo e endossado, mais uma vez, pelo próprio presidente da República.

Com rasteiras, chutes e pontapés jornalista, fotógrafo e motorista do veículo paulista foram tratados por bolsonaristas na Esplanada dos Ministérios. As agressões, assim como o mote da própria manifestação, foram amplamente criticadas por lideranças políticas, que indicaram desrespeito às leis e falta de ação das forças de segurança.

“Os marginais do bolsonarismo agrediram profissionais do jornalismo. Está faltando respeito à lei, polícia, ação das autoridades. Até quando deixarão fascistas à vontade? Daqui a pouco vai ter revide. O país vai virar um ringue?”, questionou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Para ele, é preciso uma ação mais enérgica para conter as ações criminosas desses grupos. “Já passa da hora das forças de segurança agirem com rigor contra atos criminosos e antidemocráticos. Ao lado disso, o STF revelar e punir os financiadores”, completou Silva.

O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) também lamentou a agressão. Para ele, “a imprensa não ser respeitada revela a fragilidade da democracia nesse momento”.

O fato também foi comentado pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos alvos de ataque dos bolsonaristas. Maia lembrou que antes dos profissionais de imprensa serem agredidos, apoiadores de Jair Bolsonaro já tinham agredido enfermeiras que protestavam pedindo melhores condições para atendimento às vítimas do coronavírus.

“Ontem enfermeiras ameaçadas. Hoje jornalistas agredidos. Amanhã qualquer um que se opõe à visão de mundo deles. Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror“, disse.

Assim como no dia 19 de abril, Bolsonaro participou da manifestação que pedia o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). Sem máscara, desceu a rampa do Palácio do Planalto escoltado por jovens também sem qualquer proteção contra o novo coronavírus. Um deles empunhava a bandeira norte-americana durante o trajeto.

Para a líder da bancada do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), além da gravidade dos pedidos no ato, Bolsonaro cometeu um ato de traição nacional. “Em frente ao Palácio presidencial, Bolsonaro comete um ato de traição nacional ao desfilar com bandeira estrangeira. O mesmo ato que pediu o fechamento do Supremo e do Congresso, achincalhou o presidente da Câmara e ministros do STF”, afirmou.

O novo descaso de Bolsonaro com a vida dos brasieliros se deu no mesmo dia em que o país ultrapassou os 100 mil infectados e registrou mais de sete mil mortos por Covid-19. No entanto, Bolsonaro voltou a criticar o isolamento social e disse como será seu governo a partir de agora. Segundo ele, se chegou “ao limite, não há mais conversa”. “Faremos cumprir a Constituição a qualquer preço e ela tem dupla mão”, disse Bolsonaro no ato.

O vice-líder da bancada, deputado Márcio Jerry (MA), criticou a postura do presidente. “Pessoas morrendo, milhares, cada vez mais pessoas morrendo vítimas da Covid-19, e o presidente segue indiferente a tanta dor, a tamanha tragédia. Segue ajudando a proliferação do novo coronavírus. Bolsonaro ultrapassou todos os limites. Chega”, afirmou.

Para a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), a participação no ato foi mais uma tentativa do governo de desviar a atenção para a sua falta de capacidade de administrar a crise sanitária pela qual passa o país. “O governo não tem ações para mostrar então tenta desviar a atenção. Diariamente comete mais crimes e se afunda mais ainda. O que comemoram? As mais de sete mil mortes? Precisamos repudiar isso tudo e sermos solidários. Não o contrário”, disse.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também se manifestou e pediu um “basta desse bolsonarismo doentio e violento”.

Violência e ameaças

O líder da Oposição na Câmara, deputado André Figueiredo (PDT-CE), criticou o presidente pela presença no ato contra o STF e o Congresso.

“O uso da violência e ameaças não intimidarão aqueles que trabalham em defesa da verdade. A liberdade de imprensa é um dos pilares da democracia. Vamos seguir combatendo atos autoritário e intimidatórios”, disse.

Já o líder da Minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), destacou a repercussão sobre o ato golpista que contou com o apoio de Bolsonaro.

“Jornais brasileiros destacam o frontal ataque de Bolsonaro à democracia, flertando com um autogolpe. É assustador também o fato do presidente ignorar as mortes por covid-19 e a incompetência do governo em fazer sua parte”, criticou.

“Quem se cala frente a atos antidemocráticos e agressões aos profissionais da imprensa é cúmplice da escalada atual contra a democracia. Como diria Edmund Burke: ‘Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada’, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

O senador Humberto Costa (PT-PE) considerou que Bolsonaro extrapolou todos os limites de tolerância da democracia.

“É preciso, já, dar um basta a Bolsonaro. É preciso apeá-lo do poder urgentemente. É preciso fazer avançar os processos que garantem a responsabilidade dele pelo cometimento de vários crimes”, defendeu.

PCdoB na Câmara


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