Covid-19: Veja a linha do tempo das controvérsias de Bolsonaro e Trump

Veja uma linha do tempo, desde o início da epidemia, que relaciona o avanço de óbitos com medidas governamentais e declarações chocantes de Trump e Bolsonaro

Declarações e ações controversas de Trump, são imitadas por Bolsonaro.

Após as repercussões negativas das últimas declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao mostrar desdém pelos mortos da covid-19, ele tentou se defender dizendo que a imprensa distorceu suas palavras. Questionado sobre o número crescente de mortos, ele disse: “E daí?!”, alegando que não pode fazer milagres.

Mas estas não foram as primeiras declarações ignorando o sofrimento das milhares de famílias brasileiras diante da epidemia, nem minimizando a gravidade do cataclismo sanitário.  Desde o início, sem a formalidade de pronunciamentos preparados, ele se expressa de forma inapropriada para um estadista, sabotando o combate sério e científico da epidemia.

Curiosamente, suas manifestações fazem paralelo com aquelas de Donald Trump, o presidente dos EUA, a quem admira. Os discursos e ideias relacionadas com a pandemia se equiparam ipsis litteris, no sentido de desinformar a população e tumultuar o trabalho de agentes de saúde. Ambos acreditam que não serão responsabilizados pelo caos epidêmico e pela crise econômica decorrente, por terem sido contra as medidas científicas e o controle do contágio.

Suas contradições se expressam na medida em que mantém médicos e cientistas no controle da epidemia, enquanto discursam o avesso do que recomendam seus subordinados. Tanto o Dr Fauci, nos EUA, quanto o Dr Mandetta, no Brasil, aplicaram as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) até onde puderam. Mandetta acabou exonerado.

Veja abaixo uma linha do tempo, desde o início da epidemia, que relaciona o avanço de óbitos com medidas governamentais e declarações chocantes de Trump e Bolsonaro:

Data Mortes e fatos/BR Bolsonaro Mortes e fatos/EUA Trump
31/dez A China reporta a descoberta do coronavírus à OMS. Primeiro caso reportado na província de Hubei ocorreu em 17 de novembro. O Pentágono divulga, ainda em novembro, relatório falando em doença cataclísmica e fora de controle em Wuhan, na China.      
21/jan     Primeiro caso confirmado nos EUA  
22/jan       Sobre estar preocupado com a doença: “Não. De modo nenhum. E nós temos isso totalmente sob controle. … Vai ficar tudo bem. ”  
31/jan     Aeroportos fechados para a China “… Achamos que terá um final muito bom para isso. Isso eu posso te garantir”.
9/fev 34 brasileiros de Wuhan, são repatriadospara uma quarentena.      “Eu acho que o vírus vai ficar – vai ficar bem.”
20/fev Governomonitora um caso suspeito no RS, que foi descartado; apenas um de SP é investigado     “Eu acho que vai dar certo. Acho que quando chegarmos a abril, com o clima mais quente, isso tem um efeito muito negativo sobre esse e aquele tipo de vírus. Então, vamos ver o que acontece, mas acho que vai dar certo. ”
22/fev       Nós praticamente acabamos com o vírus vindo da China. Vai ficar tudo bem.
23/fev       O calor poderia limitar a propagação do vírus e fazê-lo “desaparecer” até abril
24/fev       Nós temos essa doença totalmente sob controle. O mercado de ações está começando a parecer muito bom pra mim.
26/fev Confirmado primeiro caso em São Paulo.  “É mais uma gripe que vamos atravessar”, disse o ministro Mandetta.  Primeiro contágio comunitário documentado na Califórnia. Quando você tem 15 pessoas – e as 15 em alguns dias caírem para quase zero – esse é um bom trabalho que fizemos. Nós estamos realmente preparados.
27/fev   Dólar bate recorde nominal de R$ 4,477. “Estamos tendo problemas nesse vírus, o coronavírus. O mundo todo está sofrendo”.    
28/fev Ministério da Saúde lança campanha publicitária orientando hábitos como lavar as mãos, usar álcool em gel e não compartilhar objetos pessoais. São 182 casos suspeitos em monitoramento em 16 estados.   Primeira morte registrada. Isso vai desaparecer. Um dia, é como um milagre, desaparecerá.
29/fev Brasil confirma segundo caso importado da Itália.   5 mortes Os EUA estão liderando na testagem para o coronavírus.
2/mar Dados indicam a confirmação de 2 casos e monitoramento de 433 suspeitos. Não há evidências de circulação sustentada do vírus no Brasil   6 mortes. Trump diz que a vacina vai ficar pronta logo e rápido, mas Fauci corrige dizendo que isso ocorrerá dentro de um ano ou um ano e meio.
4/mar Mais um caso importado da Itália, confirmado em São Paulo.   11 mortes.  Câmara aprova ajuda emergencial, mas Trump assina só dois dias depois. O governo Obama “não fez nada sobre” a gripe suína [alegação falsa].
5/mar Sobe para 8 o número de casos confirmados no Brasil. Foram adquiridas 500 mil máscaras do modelo N95 e quase 19 milhões de máscaras cirúrgicas, além de óculos, álcool em gel e luvas.   12 mortes.  
6/mar 13 casos confirmados   15 mortes. Trump mente que qualquer pessoa que queira pode fazer o teste. Algo que, mesmo meses depois, continua sendo difícil para a maioria. O CDC e a minha administração estão fazendo um grande trabalho em controlar o coronavírus.
9/mar São 25 casos no Brasil. Médicos começam a testar hospitalizados com problemas respiratórios, mesmo não tendo viajado. Nos Estados Unidos, diz que a epidemia está superdimensionada, talvez por motivos econômicos. 23 mortes  
10/mar Bolsonaro ainda nos Estados Unidos, minimiza de novo a epidemia, após queda mundial das bolsas de valores. De lá, volta com casos de coronavírus no avião. Obviamente, temos, no momento, uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo.     30 mortes Apenas fique calmo. Isso vai embora.
11/mar 52 casos. OMS declara que é uma pandemia. Mandetta critica demora da declaração. O que eu ouvi até o momento é que outras gripes mataram mais do que esta. 38 mortes. EUA se fecham para Europa e Trump diz que tratamentos serão gratuitos. OMS declara que é uma pandemia. Eu acho que vamos superar isso muito bem. Os seguros de saúde prometeram renunciar a todas os copagamentos para o tratamento com coronavírus. [Na realidade, apenas os testes seriam gratuitos]
13/mar Primeiro paciente diagnosticado é curado. Bolsonaro se irrita com encontros de Mandetta com governadores de SP e RJ. 48 mortes. Declaração de Emergência Nacional e anuncia que o Google vai lançar um site sobre testes que não existe. É totalmente desnecessário testar assintomáticos. Isto vai passar. Não, eu não tenho responsabilidade alguma (sobre a falta de testes)
15/mar Bolsonaro incentiva e participa de manifestações públicas contra o Legislativo e o Judiciário. Mandetta criticou quando Bolsonaro esperava que ele o defendesse. Classificou de “extremismo” e “histeria” medidas para controlar a pandemia e sugeriu que existem “interesses econômicos”. “Em 2009, 2010, teve crise semelhante”. 73 mortes  
16/mar Se justificou pelas críticas a participação em manifestações, dizendo que precisa dar o exemplo. Não é tudo isso que dizem. 95 mortes. Se você está falando sobre o vírus, não, isso não está sob controle de nenhum lugar do mundo. Eu estava falando sobre o que estamos fazendo estar sob controle, mas não estou falando sobre o vírus.
17/mar Primeira morte notificada nem fazia parte dos números oficiais, assim como outras cinco do mesmo hospital. São 291 casos oficiais. Começa quarentena no RJ. Bolsonaro diz que vai fazer festinha de aniversário com convidados. Esse vírus trouxe uma certa histeria. A vida continua, não tem que ter histeria. Não é porque tem uma aglomeração de pessoas aqui e acolá esporadicamente que tem que ser atacado exatamente isso. 121 mortes. Eu sempre soube que isso era real. Que era uma pandemia. Eu senti que era uma pandemia muito antes de ser chamada de pandemia.
18/mar Entrevista coletiva com máscaras é criticada pelo uso errada dos equipamentos. Já tivemos problemas mais graves no passado que não tiveram essa comoção toda, repercussão toda, por parte da mídia brasileira.    171 mortes. “Os governadores deveriam estar fazendo muito desse trabalho. O governo federal não deveria estar lá fora comprando grandes quantidades de itens e depois enviando. Você sabe, não somos balconistas,” disse sobre a compra de EPIs
20/mar 11 mortes Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar! 309 mortes.  
21/mar 18 mortes. Bolsonaro acusa governadores de causarem desemprego com medidas de isolamento social. Eu estava achando que ele [Mandetta] estava exagerando. Tanto é que ele foi bastante questionado ontem quando falou uma palavra que não era adequada para aquele momento, foi o colapso. 374 mortes  
22/mar 25 mortes. Bolsonaro revoga trecho de MP que autorizava a suspensão de salários por 4 meses. À noite, emite MP que suspende pedidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) enquanto durar a pandemia. O povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus. Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados 509 mortes. À medida que o cansaço com as sugestões de tratamento não verificáveis de Trump continua, o Dr. Fauci diz à revista Science que ele “não pode pular na frente do microfone e empurrá-lo para baixo. OK, ele disse isso. Vamos tentar corrigi-lo da próxima vez.”
23/mar 34 mortes Não dá para fazer mais do que estamos fazendo. 689 mortes.  
24/mar 47 mortes. Mandetta diz que o “o travamento do país é péssimo para a área da saúde”. Seguindo discurso de Bolsonaro, também afirmou que alguns governadores “passaram do ponto” nas iniciativas de isolamento e fechamento de atividades. À noite, Bolsonaro faz pronunciamento criticando o pedido para que as pessoas fiquem em casa e culpa a mídia por espalhar “sensação de pavor”. Se fosse contaminado, eu nada sentiria, ou sentiria, quando muito, uma gripezinha ou resfriadinho. Outros vírus mataram muito mais. 957 mortes. Trump diz que quer reabrir o país até 12 de abril. A “cura” não pode ser “pior que o próprio problema”.
25/mar 57 mortes. Começa novo protocolo de enterros. Sob boataria de demissão, Mandetta critica quarentena dos estados. Bolsonaro anuncia que pedirá ao Ministério da Saúde que oriente apenas o isolamento de pessoas dos grupos de risco — doentes crônicos e idosos — e de contaminados, o chamado isolamento vertical. “Brasileiro pula em esgoto e não acontece nada”. 1.260 mortes.  
26/mar 77 mortes. Bolsonaro decreta que atividades religiosas são essenciais à rotina O brasileiro precisa ser estudado, porque não pega nada. O cara pulando no esgoto, sai, mergulha, e não acontece nada com ele. O povo foi enganado este tempo todo sobre o vírus. Eu acho que não vai chegar a esse ponto. 1.614 mortes. A CIA adverte seus funcionários a não tomar hidroxicloroquina, o medicamento divulgado pelo presidente, porque pode resultar em morte súbita. Não acredito que você precise de 40.000 ou 30.000 ventiladores. Você entra em grandes hospitais às vezes e eles têm dois ventiladores. E agora, de repente, eles estão dizendo: ‘Podemos pedir 30.000 ventiladores?
27/mar 92 mortes. Governadores reclamam do confisco pelo Governo Federal de respiradores comprados para atender suas demandas locais. Não estou acreditando nesses números de SP. A maioria das mortes não tem nada a ver com o coronavírus. 2.110 mortes. Trump assina projeto de lei de gastos emergenciais de US $ 2,2 trilhões para famílias, pequenas empresas, governos locais e saúde  
28/mar 114 mortes. Estudo britânico estima que Brasil poderia ter mais de 1.150.000 mortes, sem nenhuma estratégia de isolamento adotada, com 187.700.000 infectados. Mandetta pede a Bolsonaro que não diminua a gravidade da pandemia e reafirmar que não apoia a tese de isolamento vertical. Também criticou carreatas pedindo a retomada de atividades. 2.754 mortes  
29/mar 139 mortes. Bolsonaro vai às ruas conversar com pessoas em cidades da região de Brasília. Disse que estudava um decreto para determinar a retomada das atividades no país. “O vírus precisa ser enfrentado como homem, não como moleque. É a vida! Todos nós vamos morrer um dia.” 3.251 mortes  
30/mar 159 mortes. Chegam primeiros 500 mil testes rápidos doados ao governo. Mandetta é excluído de coletiva, conduzida por militar. Vai morrer gente? Vai! 4.066 mortes. Diante da explosão de casos, todos lamentam falta de testes e ineficiência dos que existem. Meu governo herdou testes defeituosos [testes de covid-19 foram criados três anos após posse de Trump].
1/abr 241 mortes. Vírus é igual uma chuva. Você vai se molhar, mas não vai morrer afogado. 6.394 mortes.  
2/abr 327 mortes. Brasil recomenda uso de máscaras para todos. Mandetta janta com presidentes do Congresso, que recusam jantar com Bolsonaro na mesma noite. Bolsonaro admite crise com Mandetta e seu protagonismo. “Alguns profissionais” do Ministério ajudaram com o clima de histeria e pânico. Voltou a defender o isolamento de grupos de risco.  “Tá com medinho de pegar vírus? Tá de brincadeira! O vírus é uma coisa que 60% vai pegar”, disse ridicularizando quem se protege. 7.576 mortes. 6,6 mi pedem seguro desemprego. Estados governados por democratas informam que o governo federal está apreendendo seus suprimentos de EPI. “Quantidades maciças de suprimentos médicos estão sendo entregues diretamente aos estados e hospitais pelo governo federal. Alguns têm apetite insaciável e nunca são satisfeitos (política?). Lembre-se, somos um apoio para eles ”, tuitou o presidente. Ao longo da semana anterior, em várias ocasiões, o presidente também tentou culpar o governo Obama por deixar um estoque “vazio”, uma declaração falsa.
3/abr 365 mortes. Pesquisas revelam aprovação de Mandetta e desaprovação de Bolsonaro. 8.839 mortes. Máscaras de pano são recomendadas. Eu não me vejo fazendo isso: vestir uma máscara facial enquanto saúdo presidentes, primeiros-ministros, ditadores, reis, rainhas – simplesmente não me vejo.” [nenhum líder mundial está viajando para os EUA]
4/abr 445 mortes.   10.384 mortes. Trump empurra a hidroxocloroquina como tratamento para covid-19 “Pegue. O que você tem a perder?”
5/abr 487 mortes. “A hora dele não chegou ainda, mas vai chegar. A minha caneta funciona”. 11.793 mortes. Não podemos esperar levar alguns anos para testar a potência da hidroxocloroquina.
6/abr 566 mortes. Militares evitam demissão de Mandetta. Mandetta reitera necessidade do isolamento social e mostra incômodo com as críticas que “trazem dificuldade” ao ambiente. Saiu em defesa da ciência e menciona o Mito da Caverna, uma alegoria entre o conhecimento e o obscurantismo. 13.298 mortes. Doença se torna o principal motivo de mortes no país.  
7/abr 688 mortes. Governo contabiliza 53 milhões de EPIs distribuídos no SUS. Testes são 137,4 mil. 100 centros pesquisam tratamentos com cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina.   15.526 mortes. Trump afirma que aumentou em 1.790.000 os testes em todo o país. Na verdade, a média de testes foi de 147.000 por dia nesse período. Os EUA estavam atrasados na testagem em relação a outros países. É mais do que qualquer outro país do mundo, portanto, temos mais casos.
8/abr 800 mortes. Em pronunciamento, Bolsonaro anuncia importação de insumos para produção de hidroxicloroquina, mesmo sem comprovação de eficácia e riscos. Ele voltou a atacar governadores e prefeitos.   17.691 mortes. Surge a primeira ameaça de cortar o financiamento americano à OMS. Trump remove o Inspetor Geral do Comitê de Responsabilidade pela Resposta Pandêmica. Em resposta a perguntas sobre a mudança de cargo, o presidente Trump insinua que há muitos inspetores-gerais sobrando do governo Obama e que há relatos de viés. O inspetor em questão atuou desde Clinton e Bush no cargo. A OMS recebe grandes quantias de dinheiro dos Estados Unidos. … Eles estão errados sobre muitas coisas. E eles tinham muitas informações cedo mas parecem muito centrados na China. E temos que investigar isso.
09/abr 941 mortes. Bolsonaro vai a uma padaria, onde abraça apoiadores e causa aglomeração. Foi flagrado limpando o nariz e, em seguida, cumprimentando apoiadores, como uma idosa com máscara, em passeio no dia seguinte. “Cada vez mais, o uso da cloroquina se mostra como algo eficaz”. 19.802 mortes.  
10/abr Ultrapassados os mil mortos. Manaus colapsa diante da falta de profissionais de saúde. Morre primeiro indígena em RR.   22.038 mortes. Em uma entrevista coletiva, a resposta do presidente Trump à pergunta de um repórter sugere que o presidente confunde o coronavírus com bactérias resistentes a vários medicamentos.
12/abr 1.223. Mandetta é entrevistado no Fantástico, da Globo, e critica flexibilização da quarentena. “O brasileiro não sabe se escuta o ministro ou o presidente”. Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora a questão do vírus. 25.789 mortes.  
13/abr 1.328 mortes.   27.515 mortes. Trump reivindica autoridade ‘total’ sobre governadores para reabrir economia. Trump retweeta a hashtag #DemiteFauci, gerando rumores. Fauci se desculpa com Trump por defender que a quarentena pode ter salvado vidas. Esta é uma decisão do Presidente, e por muitas boas razões [alegação falsa, pois sua autoridade, neste caso, tem limites na atuação dos governadores].
14/abr 1.552 mortes. Com primeira morte no TO, todos os estados registram óbitos. Mandetta percebe erro da entrevista no Fantástico e perde apoio de militares. 30.081 mortes. Trump suspende o financiamento da OMS enquanto se aguarda a investigação do governo sobre a forma como a organização lidou com a pandemia de coronavírus. A realidade é que a OMS não conseguiu obter, examinar e compartilhar informações adequadamente, de maneira oportuna e transparente. … A OMS não abordou nenhuma dessas preocupações nem forneceu uma explicação que reconheça seus próprios erros, dos quais houve muitos.
15/abr 1.760 mortes. Bolsonaro procura por substituto de Mandetta, enquanto o ministro discursa em clima de despedida. Mandetta diz a Veja: “Isso cansa! Sessenta dias tendo de medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante” 32.712 mortes.  
16/abr 1.952 mortes. Um mês depois do primeiro óbito, país chega a 2 mil casos. Bolsonaro exonera o ministro Mandetta e apresenta o oncologista Nelson Teich. Folha divulga operação de guerra do governador do Maranhão, para driblar governo federal e trazer respiradores da China.   34.905 mortes. Trump anuncia suas diretrizes para Abrir a América Novamente.  
18/abr 2.347 mortes. Ninguém disse que seria diferente, mas o pavor foi demais. 39.331 mortes. Trump e CDC emitem diretrizes aos estados para reabrir negócios e economias locais  
20/abr 2.588 mortes. “Eu não sou coveiro”, sobre o número de mortes. 42.853 mortes. Um diretor de organismo de pesquisa é afastado do cargo por cortar financiamento de pesquisas improvisadas para corroborar recomendações da hidroxicloroquina de Trump.  
22/abr 2.924 mortes. Mais de mil novos óbitos em apenas sete dias. Taxa de ocupação de UTIs é quase total nas capitais mais atingidas.   47.894 mortes. Trump assina ordem executiva restringindo green cards alegando evitar desemprego de americanos. Desempregados são agora 26 mi  
23/abr 3.331 mortes. Recorde registra 407 mortes em 24 horas.  Ministro da Saúde, Nelson Teich, diz não ser possível interpretar os dados e concluir se há indicativo de avanço da doença ou de diagnósticos médicos. Para ele, o foco é “ter ações”, mas não detalha o que pensa.   50.234 mortes. “Então veja o desinfetante, que reage em um minuto. Um minuto. E existe uma maneira de fazer algo assim, por injeção ou quase uma limpeza. … Portanto, seria interessante verificar isso. Vamos precisar dos médicos pra isso. Mas parece interessante para mim”. Um dia depois, com registros de intoxicação por desinfetante, o presidente afirma que estava sendo sarcástico “para com os repórteres … só para ver o que aconteceria”.
27/abr 4.603 mortes. Mesmo sem indícios de arrefecimento da epidemia, Teich, começa a explicar como será a saída gradual do isolamento social.   56.796 mortes.  
28/abr 5.083 mortes. E daí? Lamento. Quer que eu faça o que? Eu sou Messias, mas não faço milagre. 59.266 mortes.  
29/abr 5.466   61.656 mortes.