Pandemia leva diversos governadores a proibirem o aborto nos EUA

Líderes conservadores dizem que se trata de “procedimento não essencial” durante o combate ao coronavírus.

Manifestante pede para que as clínicas permaneçam abertas durante a pandemia

O governador do Texas, Greg Abbott (Republicano), é um dos líderes que decidiu proibir a realização de abortos enquanto a pandemia do coronavírus perdurar. Arkansas, Alabama, Iowa, Louisiana, Ohio e Oklahoma completam a lista. A alegação oficial: trata-se de um procedimento “não essencial”.

Segundo reportagem do “Huffington Post”, entre 23 de março e 14 de abril, 129 mulheres que vivem no Texas procuraram por clínicas em outros estados para que pudessem realizar o procedimento, garantido por lei nos Estados Unidos.  Algumas delas precisaram percorrer mais de 400 quilômetros.

Na última semana, uma decisão de abrangência federal determinou que o Texas voltasse a providenciar todo o amparo médico necessário, mas o governo estadual ainda não acatou a ordem.

“Como médica, posso dizer que o governador está brincando com as melhores práticas de saúde durante a pandemia. Forças pacientes a percorrer longas distâncias acaba por aumentar as chances dessas mulheres de contraírem o coronavírus”, afirma Kristina Tocce, vice-presidente da Paternidade Planejada das Montanhas Rochosas, instituição que acolhe e orienta as mulheres que decidem abortar.

A reportagem ouviu uma estudante do Texas que precisou viajar até o Colorado para realizar seu procedimento. Ela estava assustada por ter que viajar durante a pandemia. “Francamente, eu sinto que meus direitos constitucionais estão sendo violados, justamente quando eu mais preciso deles”, afirmou, sob condição de anonimato. “Fui forçada a dirigir centenas de quilômetros, parar em postos de gasolina e ficar em uma casa desconhecida para ter acesso aos cuidados médicos a que tenho direito”, ponderou.

Tradução e edição: Fernando Damasceno