Cresce o apoio a Mandetta no Congresso Nacional

Depois do boicote público do presidente ao ministro, parlamentares de diferentes siglas saíram em defesa do chefe da pasta

Depois do boicote público do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na noite da última quinta-feira (2), parlamentares de diferentes siglas saíram em defesa do chefe da pasta. Em entrevista à Rádio Jovem Pan, Bolsonaro admitiu, pela primeira vez, rusgas com o ministro, afirmou que não o demitiria em meio à crise do coronavírus, mas comentou que faltava “humildade” ao seu subordinado.

Reproduzindo parte da entrevista do presidente brasileiro, o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA) pediu a saída de Bolsonaro. “’O Mandetta quer fazer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo, mas tá faltando um pouco mais de humildade’. Jair Bolsonaro, está faltando é vossa excelência se mancar e pedir para sair por absoluta incapacidade de dirigir o país. Renuncia, larga de atrapalhar”.

300 mortos

Líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) trouxe a atualização dos óbitos no Brasil, divulgados nesta sexta, para protestar contra a postura do presidente. “O Brasil amanheceu com mais de 350 mortos em decorrência do coronavírus e, diante disso, Bolsonaro ataca o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e se utiliza de um instrumento de fé, o jejum, para continuar politizando a crise. É grave, é desumano e é irresponsável”, comentou, apontando o pedido feito ontem, por Bolsonaro, aos evangélicos.

Médico de formação, deputado Luciano Ducci (PSB-PR) apontou o jogo sujo que vem se desenhando nos bastidores da política e defendeu a atuação do ministro. “Enquanto o Jair Bolsonaro desqualifica o trabalho do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, os oportunistas Osmar Terra e o Antônio Barra Torres [atual presidente da Anvisa] estão de olho na vaga no Ministério. Força, meu amigo, os critérios técnicos e a ciência serão as respostas aos obscurantistas”, declarou.

Governabilidade

Para Talíria Petrone (PSOL-RJ), as últimas movimentações do presidente apontam a insustentabilidade do Governo. “Bolsonaro se isolou. Quer demitir Mandetta, a maioria dos ministros é contra. O Congresso o ignora. Parte dos militares o abandona. Por isso, criou uma brinquedoteca para Carlos Bolsonaro no Palácio. Perdeu toda a governabilidade. Se tivesse dignidade, renunciaria”, comentou a deputada, citando a informação de que um gabinete foi montado no Planalto, esta semana, para o terceiro filho do presidente.

Este é a mesma opinião do ex-ministro da Saúde no governo Dilma, o médico e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP). “De um lado, o Ministério da Saúde está gastando energia com as irresponsabilidades e obstáculos de Bolsonaro. De outro, o isolamento do presidente da República”, citou.

Outro petista a comentar o caso foi o deputado federal Carlos Veras (PT-PE). “Bolsonaro critica as ações de Mandetta. Se o capitão se calasse, já ajudaria muito no combate à pandemia. Todas as vezes que fala, coloca em risco a vida do povo brasileiro”, disse, condenando o desgaste público a qual o ministro tem sido submetido.

Maia

Nesta sexta (3), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que, apesar dos ataques, Bolsonaro não tem coragem de demitir o ministro e que a eventual saída de Mandetta traria prejuízos ao combate à doença.

“É fundamental que, no meio do processo [de enfrentamento à doença], a gente não tenha uma perda de um nome como o do Mandetta”, disse, finalizando o assunto com a frase: “Temos toda confiança, e todo respaldo que o ministro precisar da maioria da Câmara, no meu mandato, na minha Presidência, ele tem”.

Mandetta

Após críticas de Bolsonaro, Mandetta disse que seguirá trabalhando. “Quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha. Foco na doença”, comentou. Nos bastidores, a aposta é que as críticas de Bolsonaro devem parar à medida que a gravidade da doença se impuser no país.

Fonte: DCM

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