Coronavírus: como cuidar de cachorros e gatos durante o isolamento

Isolamento social dos humanos significa gente em casa, e disso os animais gostam – e muito. Mas a rotina vai voltar

Donos de animais de estimação que passaram a ficar mais tempo em casa com eles, por causa das medidas de isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus, devem ter se perguntado sobre quais cuidados precisam ser tomados. Afinal, podem sair de casa com os cães para que eles façam as necessidades? Se estiver com sintomas da Covid-19, correm o risco de passar para os pets?

Reportagem especial do jornal O Globo ouviu os veterinários André Bento, Nathaly Ituassu (proprietária da clínica veterinária Vet Angels) e Teresa Gioia (dona da clínica Vila Veterinária), além de Oliveiros Barone Castro, especialista em comportamento animal e presidente da Cães de Assistência. Todos trabalham no Rio de Janeiro.

“O ideal é que o cão respeite o período de isolamento com o dono, já que a convivência entre as pessoas e seus animais costuma ser muito intensa. Muitos sobem no sofá, na cama e não sabemos até que ponto o vírus sobrevive no pelo ou na pata do animal”, diz Teresa Gioia. “Só vale se afastar deles se o dono apresentar algum sintoma. Bichos são ótimas companhias e podem ajudar nesse período de isolamento, aplacando a solidão.”

Cerca de 44% dos domicílios têm cães, de acordo com o IBGE. Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, não há evidências de que pets possam transmitir o vírus. Médicos veterinários reforçam a importância da higienização das mãos, principalmente, se precisar sair com os bichinhos por necessidade.

Pet shops e consultórios estão na lista de serviços essenciais que estão abertos durante o período de isolamento. Mas somente vá a esses locais em casos de emergência. “Para comprar ração ou remédio, peça no delivery. Se tiver alguma dúvida em relação à saúde do seu animal, ligue primeiro para o veterinário”, afirma Teresa. É importante, ainda, observar as reações, já que o isolamento pode estressar os bichos.

Para a Sociedade Brasileira de Infectologia, é recomendável que pessoas com Covid-19 limitem o contato com animais até que mais informações sejam conhecidas. Mas não há evidências de que eles possam transmitir a doença. Há coronavírus que se desenvolve em gatos e outro que se desenvolve em cães, mas não transmissíveis ao homem. Há vacinas que protegem os cães contra o coronavírus canino, a V8 e a V10, mas elas não funcionam em seres humanos.

Distanciamento

Embora o coronavírus sobreviva em superfícies, ainda há dúvidas se pode resistir sobre o pelo ou a pata do animal. Na dúvida, melhor que eles fiquem em casa e evitem contato com outras pessoas, animais e locais públicos. Banhos, tosas e manicures devem ser suspensos. Para banhos terapêuticos e tratamento de problema de pele, peça orientação ao veterinário. Faça escovação diária e, caso não queira dar banho em casa, use produtos de lavagem a seco. A maioria das raças pode ficar até dois meses sem banho.

Cães precisam gastar energia e, mesmo sem passear, devem fazer alguma atividade. Vale interagir com os brinquedos, fazer exercícios de adestramento (há tutorias online) e abusar da criatividade para distraí-los. Uma dica que vai ocupá-los por um bom tempo é encher uma garrafa pet com ração para que se divirtam tentando abri-la.

Cachorros também se acostumam à rotina, e mudanças podem deixá-los ansiosos. Os sinais de ansiedade se dão quando eles têm comportamentos diferentes do habitual. O principal deles é roer e comer objetos, como sapatos e móveis. Se o cão tem tendência à obesidade e vai ficar mais tempo parado, melhor diminuir a quantidade de ração.

Se o cãozinho só consegue fazer as necessidades na rua, as regras são as mesmas: ao sair, evite contato com outras pessoas e animais. Não deixem que toquem no animal. Assim que chegar em casa, lave as patinhas do cachorro. E higienize suas mãos, com água e sabão.

Urgências

Clínicas veterinárias são considerados serviços essenciais e estarão abertos, mas consultas não urgentes e idas ao consultório devem ser evitadas. Apenas vá se for urgente. Há sinais de que algo não vai bem são: animal prostrado, apático e não responsivo ao chamado do dono, mais de três vômitos por dia, inapetência e febre (barriga quente, com temperatura acima de 38,5).

Nesses casos, tire dúvidas por telefone com o veterinário de confiança. Mantenha os remédios, conforme a prescrição veterinária. Em caso de tratamentos, como oncológicos ou renais, avalie com o veterinário como e onde manter, sempre com horário marcado e esperando a vez do lado de fora.

Com os cães confinados, há maior quantidade de pelos circulando no ambiente. Se eles passarem a fazer as necessidades dentro de casa, a limpeza será maior. Tenha paciência. A melhor forma é utilizar água sanitária nos pisos e manter a casa arejada. Uma vez por dia, é necessário aspirar os cômodos e escovar os pets.

E lembre-se: cães devem tomar banho uma vez por semana, saindo ou não de casa. Quem leva no pet para banho deve fazê-lo em casa durante o isolamento. Com relação aos gatos, a rotina não muda muito, já que a recomendação dos veterinários é que eles fiquem sempre em casa, com ou sem pandemia.

Ficar em casa com os animais pode ser uma ótima forma de distração e companhia durante o período. Diversos estudos comprovam que os cachorros são terapêuticos e ajudam no controle da ansiedade, muito comum durante o isolamento. O isolamento social dos humanos significa gente em casa, e disso os animais gostam – e muito. Mas a rotina vai voltar.

Deixe-o sozinho às vezes e não permita coisas das quais vai se arrepender depois. Mantenha as regras e a organização que existia. Se não normalmente pode arranhar o sofá, não pode nunca – nem na quarentena. Se não pode dormir na cama, não pode nunca. Ou os animais ficarão confusos.

Com informações do O Globo

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