Conselho de Ética do Senado pode cassar mandato de Flávio Bolsonaro

A representação foi feita pelo PSOL por entender que o filho de Bolsonaro quebrou o decoro. Assinaram o pedido a Rede e o PT.

O PSOL entrou com uma representação no Conselho de Ética do Senado Federal, nesta quarta-feira,19, contra Flávio Bolsonaro por quebra de decoro e pede a cassação do mandato do senador e filho do presidente. O pedido de cassação também é assinado pela Rede Sustentabilidade e o Partido dos Trabalhadores (PT).

“É um crime continuado. Ele também é acusado de peculato, lavagem de dinheiro, corrupção e associação criminosa. Não é possível conviver com um senador que tenha tido essas práticas no seu currículo como deputado estadual”, disse o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros.

Entre os fatos que sustentam a ação estão as denúncias de  “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual do Rio de Janeiro, em esquema organizado pelo polêmico Fabrício Queiroz, que chegou a depositar R$ 24 mil em dinheiro vivo na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A relação com o ex-militar Adriano da Nóbrega, assassinado recentemente na Bahia, também embasa a representação que demonstra a impossibilidade de Flávio seguir no Senado Federal.

Reportagem do Jornal Nacional apresentou que, entre diversas outras conexões entre Flávio Bolsonaro e os dois ex-militares, a mãe de Adriano e a ex-mulher dele receberam de R$ 1 milhão em salários, mas não apareciam para trabalhar. Deste total, R$ 200 mil foram transferidos para contas de Fabrício Queiroz. Outros R$ 200 mil foram sacados em dinheiro vivo.

O Ministério Público do Rio de Janeiro acredita que essa quantia foi repassada em mãos para o esquema de rachadinhas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e serviu para financiar o chefe do Escritório do Crime.

O MP-RJ também aponta que, através dos crimes de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, o hoje senador enriquece exponencialmente. Em 2015, Flávio Bolsonaro abriu uma loja de chocolates no Rio de Janeiro em 2015, quando sua renda começou a crescer de forma muita rápida.

Na eleição de 2006, ele havia declarado 385 mil em bens. Na de 2010, 690 mil. Na de 2014, 714 mil. Nas duas seguintes, já um vendedor chocolates, tinha se tornado milionário: 1,4 milhão em 2016 e 1,7 milhão, em 2018.

Vaza Jato

Nas mensagens em grupos de Telegram mandados por integrantes da Operação Lava Jato em 2018, quando as denúncias robustas sobre a rachadinha vieram à tona, a avaliação de Deltan Dallagnol e os procuradores estava cristalizada:  “É óbvio o que aconteceu. E agora, José?”; “Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho certamente. O problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode indicar o rolo dos empréstimos?”; “Seja como for, o presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no Supremo?”

Assessoria de Comunicação do PSOL