Deputadas protestam contra Bolsonaro: “isso é quebra de decoro”

A líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que Bolsonaro precisará responder na Justiça por sua fala contra Patrícia Campos Mello. “Não há muito o que esperar dessa criatura neandertal que se acocora na poltrona presidencial”, declarou. Confira outras repercussões de parlamentares

Deputadas se uniram nesta terça-feira (18) para condenar mais um ataque de Jair Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo. Após fazer uma declaração com insinuação sexual contra a repórter, o presidente voltou a inflamar os ânimos da representação feminina na Casa, que não pouparam críticas à postura do mandatário.

“Temos um presidente machista. Querer desqualificar uma profissional com insinuações sexuais é uma forma clássica da misoginia. E as mulheres sabem disso. Isso é quebra de decoro. Repugnante! Nojento!”, declarou Talíria Petrone, deputada eleita pelo PSOL-RJ. 

Colegas de partido, Fernanda Melchionna (RS) e Sâmia Bomfim (SP) também aproveitaram a fala presidencial para reforçar a luta contra o machismo. “Bolsonaro é um machista que sente prazer em ofender mulheres e desrespeitar a imprensa. Mais uma declaração que apenas mostra o presidente irresponsável e de baixo nível que temos. Machistas, não passarão”, disse Melchionna. 

#EleNão

Fazendo referência às manifestações durantes a campanha eleitoral de 2018, Sâmia afirmou que a declaração é um incentivo à luta feminina. “Quando gritamos #EleNão, teve quem nos chamasse de histéricas. Bolsonaro sempre foi misógino, sempre se mostrou violento, sempre odiou a imprensa. Agora temos que lutar juntas, as que sabiam antes e as que descobriram agora, para derrubar esse governo machista”, convocou. 

Relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News, a deputada Lídice da Mata (PSB-BA) chamou de grotesca a declaração de Bolsonaro. “Atitude covarde, descabida e grotesca do presidente da República com a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha. Em mais de 30 anos de vida pública, nunca imaginei ver algo tão ridículo de um mandatário da Nação”, declarou. 

Sem espaço para Neandertal

Já a líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que o presidente precisará responder na Justiça pela sua fala. “Bolsonaro tem que responder na Justiça à 

Patrícia Campos Mello pela insinuação criminosa feita hoje. Não há muito o que esperar dessa criatura neandertal que se acocora na poltrona presidencial. No mais, não vou divulgar o vídeo da fala asquerosa. É o que ele quer de nós, mas não terá”, disse a parlamentar. 

Aderindo ao boicote da colega, Perpétua Almeida (AC) pediu união para superar o machismo ainda existente no país. “Eu não vou colocar aqui a fala vil, ordinária e misógina do Presidente sobre a jornalista Patrícia Campos Mello. Precisamos nos unir para defender nossa democracia, exigir deste senhor postura de um presidente e combater o machismo! Minha solidariedade”, disse. 

Violência de gênero

Também do PCdoB, Alice Portugal (BA) apontou que a fala do presidente só colabora com a violência contra as mulheres. “Bolsonaro insulta com insinuação sexual à jornalista  Patrícia Campos Mello. Mais um episódio grotesco de violência contra a mulher, ataque covarde. Todo nosso repúdio. Não vamos tolerar!!!!”. 

A mensagem contra a misoginia também foi transmitida pela deputada Luizianne Lins, do PT-CE. “Incapaz de governar, Bolsonaro volta a agredir com acusações de cunho sexual jornalista da Folha de SP. Patrícia Campos Mello vem revelando a ligação da família Bolsonaro com a disseminação organizada de fake news. Não nos calaremos!”, protestou.  

Solidariedade

Cobrando respeito à democracia e à Constituição, Margarida Salomão (PT-MG) pediu #ForaBolsonaro e prestou apoio à jornalista listando os erros presidenciais. “Todos os dias Bolsonaro testa os limites da democracia. Todos os dias ele mente. Todos os dias, portanto, Bolsonaro comete crimes. Crimes contra o decoro, contra as mulheres, contra a democracia. Está na hora de pagar por seus erros.”

Representante do PT-DF, Érika Kokay foi outra parlamentar a prestar solidariedade à jornalista.“Nojo da declaração machista e sexista de Bolsonaro contra jornalista da Folha que revelou ao Brasil e ao mundo o esquema criminoso de disparos em massa de fake news nas eleições de 2018, pagos com caixa 2 empresarial. Toda solidariedade à Patrícia”, escreveu em suas redes. 

PSL

E até o PSL, antigo partido de Jair Bolsonaro, aderiu ao coro de repúdio. Pelo Twitter, o partido condenou os ataques à jornalista. “O PSL preza pela liberdade de imprensa e respeito pelos indivíduos. As agressões contra a jornalista Patrícia Campos Mello são inaceitáveis e merecem o repúdio dos brasileiros de bem. A atitude, além de ofensiva, demonstra pouco apreço pela democracia”. 

A fala

Jair Bolsonaro fazia referência ao depoimento de Hans River, ex-funcionário da Yacows, empresa suspeita de disparo em massa de fake news para Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. No último dia 11 de fevereiro, em depoimento à CPMI das Fake News, River foi acusado de mentir e não apresentar provas de sua fala durante a acareação feita no Senado, a fim de desviar a atenção da opinião pública.

Matéria originalmente publicada no dia 18 de fevereiro de 2020, no Portal Brasil 247.

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