“Cenas de incompetência”: congressistas reagem a caos no MEC

Na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse a jornalistas que se reuniria com o ministro da educação para apurar as causas das falhas que impactaram o Exame e chegou a mencionar um possível boicote externo como razão para a sucessão de erros

Ao cogitar uma possível sabotagem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Jair Bolsonaro conseguiu inflamar os ânimos de congressistas, lideranças estudantis e anônimos nesta terça-feira (28).

Na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse a jornalistas que se reuniria com o ministro da educação, Abraham Weintraub, para apurar as causas das falhas que impactaram o Exame e chegou a mencionar um possível boicote externo como razão para a sucessão de erros . “[Vamos] checar se realmente foi uma falha nossa, uma falha humana, sabotagem. Todas as cartas estão na mesa”.

Bloqueio de parlamentares

Após ser bloqueado nas redes do ministro, o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry não conteve sua reação. “Medrosinho! Além de incompetentão! Absolutamente incapaz. Cenas explícitas de incompetência absoluta no Ministério da Educação provocam caos no Enem. Sai daí, Abraham Weintraub!”, declarou, anexando a foto do bloqueio ao comentário.

Líder da Rede Sustentabilidade no Senado, Randolfe Rodrigues (AP) também aproveitou a deixa para pedir o imediato afastamento do chefe da pasta. “A sabotagem que houve foi na vida de milhares de estudantes que, diferente do presidente, passaram muito tempo estudando e se preparando para as carreiras que escolheram. O caso do MEC é de INCOMPETÊNCIA! Weintraub tem que cair!”, escreveu em suas redes, junto com hashtag #ForaWeintraub.

Outro parlamentar a contestar a chance de trapaça externa no MEC foi Marcelo Freixo, do PSOL-RJ. “Quem está sabotando o Enem e prejudicando o sonho de milhares de brasileiros é o próprio Weintraub e Bolsonaro, que mantém esse sujeito no comando do Ministério da Educação”, afirmou.

Líder do PSOL na Câmara, deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) também não se furtou a comentar a nova tese do presidente. “Bolsonaro é tão cínico que busca justificar a incompetência de Weintraub alegando ‘sabotagem’. Não, Bolsonaro. Não são ONGs que colocam fogo na Amazônia. Não são ‘inimigos’ que atrapalham o Enem. Esqueça os moinhos de vento. Os sabotadores estão no seu governo!”.

Já Margarida Salomão, deputada eleita pelo PT de Minas Gerais, buscou concordar com as declarações do mandatário para ironizar a situação da educação no país. “Nunca Bolsonaro esteve tão correto. Claro que os seguidos erros no Enem são sabotagem. Autossabotagem. Porque o que mais interessa ao governo é ver ruir o patrimônio da Educação brasileira. Aliás, não há maior autossabotagem que ter Weintraub como ministro.”, disse.

Já o ex-senador e ex-ministro da educação, Cristovam Buarque preferiu lamentar a situação educacional do país, sem demonstrar surpresa com a situação. “Pode-se imaginar que Bolsonaro vai piorar a situação, mas as atuais crianças pobres e enjauladas na pobreza é uma herança nossa. Não usamos nosso tempo no poder para quebrar o círculo da pobreza. E era possível: pela educação”.

UNE

Presidente da União Nacional dos Estudantes (Une), Iago Montalvão, foi às redes sociais para exigir que as falhas ocorridas este ano não levem ao fim das formas de acesso às universidades. “Não queremos o fim do Enem e nem do Sisu! Queremos responsabilidade com esses programas que foram conquistados! Esses ‘erros’ desse MEC também tem o objetivo de desmoralização, fazem parte de um projeto de desmonte da educação superior democratizada”, lamentou.

Desmonte e reações na internet

Não faltaram piadas, memes e todo tipo de crítica à postura de Weintraub diante do caos vivido atualmente pelo MEC. “A culpa é minha e coloco em que eu quiser”, disse um, em tom de piada. “Ora, ora, quem poderia imaginar que o Enem 2019 seria uma tragédia? Ninguém nem sequer cogitou isso quando começaram com a ideia do presidente analisar as questões ou quando decidiram a gráfica de qualquer jeito, em cima da hora”, cutucou uma internauta. “Se Sergio Moro comandasse o Enem, Não ia precisar de provas…”, alfinetou outra.

Listando os estragos do Governo de Jair Bolsonaro, um perfil foi mais direto. “Um ano, os caras ferraram o ENEM, o SISU, o MEC, o PROUNI, as Universidades Federais, o INPE, o IBGE, a FUNARTE, a FUNAI, o INSS, o SUS, o MPF, a Amazônia, os direitos trabalhistas, a aposentadoria, a segurança no trânsito, o emprego e a língua portuguesa. UM ANO!”, apontou.

Efeito Cascata

No último dia 21, o MEC revelou que cerca de 6 mil estudantes foram afetados pelos erros identificados no Enem. Com as falhas na correção das provas, o cronograma previa que as inscrições para o Programa Universidade para Todos (Prouni) começassem nesta terça (28), teve de ser adiado, a pedido da Justiça Federal. Ainda por causa dos erros, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) – que também previa a divulgação dos resultados hoje – foi suspenso.

Fonte: Brasil 247

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