A linha tênue entre fascismo, governo Bolsonaro e cortinas de fumaça

Quando surgem informações comprometedoras contra Bolsonaro ou sua família, seja por corrupção ou ligação com crimes hediondos, como o assassinato de Marielle, sempre é criada, no outro dia, uma espessa cortina de fumaça

Sim, é clichê! Mas não dá para começar este artigo sem citar a célebre frase de Karl Marx: “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.” E foi isso o que fez o secretário de Cultura do Governo de Bolsonaro, Roberto Alvim, ao anunciar o Prêmio Nacional das Artes, adaptando fala de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, disse Alvim. A semelhança com a fala de Goebbels é total. Ele só trocou alguns termos.

É bom ficarmos atentos também ao fato de que, além da fala, a própria estética do vídeo lembra muito o da propaganda nazista e, para piorar, com ópera de Wagner tocando ao fundo. O compositor alemão é citado no livro de Hitler, Mein Kampf (Minha Luta), e era um antissemita declarado.

O governo Bolsonaro se adiantou e anunciou a demissão de Alvim. Mas o fez porque não concorda com a fala? Duvido muito. Afinal, ela está recheada desse nacionalismo tosco e brega, que finge se importar com a cultura nacional enquanto a destrói – e que já é sua marca registrada. Obviamente o fez pela repercussão, inclusive e principalmente junto a grupos judaicos, do qual é aliado.

Falando em destruição de nossa cultura, em 1933, Goebbels promoveu o que ficou conhecido com a queima de livros. O que nos faz lembrar das censuras em várias áreas, principalmente no cinema, promovida pelo atual Governo Federal.

Isso evidencia que o governo Bolsonaro é nazista? Não! Mas evidencia que grupos fascistas, nazistas e supremacistas brancos têm simpatia pela figura de Bolsonaro e por seu governo, como já disse David Duke, ex-líder da Ku Klux Klan, ao afirmar: “Ele soa como nós. E também é um candidato muito forte. É um nacionalista”.

Duke emendou com o mais puro racismo declarado e recheado de teorias absurdas de raça e crime, que já deviam ter sido esquecidas desde o século 19: “Ele é totalmente um descendente europeu. Ele se parece com qualquer homem branco nos EUA, em Portugal, Espanha ou Alemanha e França. E ele está falando sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como por exemplo nos bairros negros do Rio de Janeiro”. Haja estômago.

É como se, com a eleição de Bolsonaro, tivéssemos aberto a Caixa de Pandora do fascismo e, de dentro dela, tudo o que é de mais vil, feio e vergonhoso tivesse vindo à tona nessas pessoas. Fazem o que teriam vergonha de fazer poucos anos atrás. Mas é um fenômeno global, infelizmente, com governos que beiram o nazismo e o fascismo na Polônia, na Ucrânia e na Hungria de Viktor Orbán. 

A polêmica se fez! Não podemos no calar. Mas é bom lembrar também que, quando surgem informações comprometedoras contra Bolsonaro ou sua família, seja por corrupção ou ligação com crimes hediondos, como o assassinato de Marielle, sempre é criada, no outro dia, uma espessa cortina de fumaça. O que nos faz pensar: talvez, de fato, ele tenha aprendido muito com a propaganda goebbeliana. E isso, como colocado no início do texto, Karl Marx já havia previsto lá atrás.

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Um comentario para "A linha tênue entre fascismo, governo Bolsonaro e cortinas de fumaça"

  1. DIVA CAVALCANTI BARRADAS disse:

    Arrasou

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