2020, o ano mais desafiador para o papa Francisco

Nos próximos meses, Igreja Católica passará por uma série de acontecimentos capazes de redefinir tanto seu papel no mundo quanto suas estruturas internas

O papa Francisco completará sete anos à frente da Igreja Católica no próximo dia 13 de março, e é provável que 2020 seja o ano mais desafiador do seu pontificado até agora. Nos próximos meses, a Igreja passará por uma série de acontecimentos capazes de redefinir tanto seu papel no mundo quanto suas estruturas internas.

O primeiro deles acontecerá nesta quinta-feira (9), quando Jorge Mario Bergoglio receberá em audiência o corpo diplomático junto à Santa Sé. Apesar do encontro ser anual, desta vez ocorrerá em meio a um clima de tensão política no Oriente Médio e episódios de incêndios florestais pelo mundo – temas que dizem respeito aos constantes apelos de paz e de preservação ambiental presentes na agenda de Francisco.

Já em março, a Santa Sé pode concluir um projeto chamado de “A Economia de Francisco”, no qual trabalha há dois anos. Trata-se de um evento de três dias em Assis, entre 26 e 28 de março, que contará com a participação de especialistas e entes civis para discutir os fundamentos da economia e sua dimensão ética e humanística. O objetivo é estimular a participação de jovens de até 35 anos como forma de renovar a sociedade.

Dois meses depois, será a vez de Roma sediar mais um evento mundial idealizado pelo papa – o encontro “Pacto Educativo”, que propõe um diálogo sobre o modo como a humanidade tem construído o futuro e sobre a necessidade de investir em talentos e em educação para criar uma sociedade mais solidária e acolhedora. Segundo o papa, “nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna”.

Assim como a imigração e o meio ambiente, a economia e a solidariedade são os outros pilares do pontificado de Francisco, que idealiza uma Igreja missionária que chegue até as periferias. No entanto, um dos eventos mais aguardados para 2020 será a publicação, agendada para 29 de junho, do documento que está sendo preparado por um grupo de cardeais, o chamado C6, para a reforma da Cúria Romana.

Constituição Apostólica Praedicate Evangelium (Proclamar o Evangelho) deverá ser o título do documento, que substituirá a Pastor Bonus, publicada por São João Paulo II, em 28 de junho de 1988. Parte do conteúdo chegou a ser veiculada na imprensa no ano passado, mas o texto final ainda está sendo trabalhado e promete trazer mudanças às estruturas da Igreja.

Durante seu discurso de fim de ano no Vaticano, o papa afirmou que a Igreja está “200 anos atrasada”. É possível que a tradicional Congregação para a Doutrina da Fé perca espaço dentro das estruturas da Igreja e que um novo superorganismo seja criado com foco em evangelização.

Sínodo

Ainda no primeiro semestre, deve ser publicado o documento de conclusão do Sínodo sobre a Amazônia, que ocorreu em outubro, em Roma, e suscitou polêmicas. O texto aprovado no Sínodo fala em ordenação de homens casados para suprir a falta de padres na Amazônia, assim como a de mulheres para o diaconato feminino.

No documento, os participantes do Sínodo também deixaram claro que “apreciam o celibato como um dom de Deus”, mas apontaram que seria possível estabelecer critérios para “ordenar sacerdotes homens idôneos e reconhecidos da comunidade, que tenham um diaconato permanente fecundo e recebam formação adequada para o presbiterado, podendo ter família legitimamente constituída e estável”. As propostas estão sendo analisadas por Francisco, quem decidirá quais, de fato, serão adotadas pela Igreja.

Outro tema aguardado para 2020 que pode afetar o Vaticano é a conclusão da investigação sobre Theodore McCarrick, antigo arcebispo da diocese de Washington, acusado de pedofilia. O caso ganhou os holofotes quando o ex-núncio apostólico em Washington Carlo Maria Viganò acusou o Papa de se calar sobre as denúncias de abuso sexuais supostamente cometidos por McCarrick.

Ao longo de 2020, Francisco também deve fazer as viagens internacionais, apesar de a agenda ainda não estar definida. Alguns dos destinos enfrentam instabilidades políticas e conflitos, como o Sudão do Sul e o Iraque – os quais Bergoglio já disse publicamente que gostaria de visitar. É possível que o papa também vá para Indonésia, Timor-Leste, Papua-Nova Guiné, Montenegro, Etiópia, África do Sul, Hungria e Chipre.

Com informações da Ansa Brasil

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