Plano contra pressão dos EUA é aprovado pelo Parlamento de Cuba

País produz apenas 32% do combustível que consome e utiliza na geração de energia

O Parlamento cubano divulgou um plano econômico para resistir em 2020 ao aperto do bloqueio dos Estados Unidos que dificulta o fornecimento de combustível e a realização de transações financeiras indispensáveis. O programa planeja fechar 2019 com um crescimento de 0,5% do PIB e projetar 1% até 2020, disse o ministro da Economia, Alejandro Gil, à agência AFP.

Uma das medidas para 2020 é economizar o consumo de energia, declarou Gil aos deputados da Assembleia Nacional. Cuba produz apenas 32% do combustível que consome e que utiliza na geração de energia. Os demais 68% são importados, o que foi complicado pelas sanções impostas por Washington.

Como parte desse plano, Cuba, que também importa a maior parte dos insumos que consome, buscará mudanças para atender à demanda doméstica e turística, além de diversificar suas exportações. Ainda fomentará vínculos com o setor privado da economia, que representa 13% da força de trabalho do país. Outro objetivo é reduzir seu endividamento, sendo atualmente difícil cumprir seus compromissos junto aos credores.

O governo Trump aplicou mais de 180 medidas para aumentar o bloqueio que os Estados Unidos mantêm sobre a ilha desde 1962. Entre elas, a mais forte é a pressão sobre empresas e navios-tanque, para que não transportem petróleo para Cuba.

Em vigor desde abril passado, essa restrição causou danos ao “transporte público, agricultura, produção e distribuição de alimentos, além de afetar a paralisação temporária de alguns investimentos e a desaceleração de outros”, relatou Gil.

Os Estados Unidos justificam essas medidas, acusando Havana de fornecer apoio militar a seu aliado venezuelano Nicolás Maduro e de oprimir seu povo. Cuba rejeita estas acusações. 

A resistência que o governo propõe ao Parlamento passa, porém, pela superação dos obstáculos burocráticos e pela imobilidade que impede a implementação das reformas aprovadas pelo Partido Comunista (PCC) há oito anos, algo que os cubanos chamam de “bloqueio interno”.

Na tarde de quinta-feira, foi realizada uma sessão plenária do Comitê Central do PCC, onde seu líder, Raúl Castro, garantiu que “podemos resistir ao que vier, mas para isso devemos estar preparados”, conforme nota oficial da reunião. Marino Murillo, responsável pela implementação das reformas, considerou que a difícil situação econômica “não pode se tornar um fator para desacelerar esses processos (reformas)”.