Reconquistar a democracia, por Alice Portugal

Vivemos uma ditadura disfarçada e não podemos deixar que a exceção vire regra mais uma vez no Brasil.

Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara

Em menos de um ano de governo nucleado por uma assumida força de extrema direita, seus vassalos e robôs, o Brasil se vê submerso na mais profunda crise econômica, social e política dos últimos 30 anos. Venceram a eleição com fake news e controle de dados, com parte da mídia corporativa fazendo coro com setores politizados do judiciário, disseminando o ódio à esquerda e estimulando a criminalização da política.

Bolsonaro mentiu para o povo, aprofundou e fez reformas regressivas, tirando direitos trabalhistas e previdenciários. Vem desmontando o estado brasileiro com privatizações, estímulo ao desmatamento, e agora com três Propostas de Emenda à Constituição (PEC) que destroçam o serviço público e a economia nacional.

Bolsonaro disse que geraria empregos, mas passamos hoje de 12 milhões de desempregados, mais de seis milhões de desalentados, com uma população de quase 30 milhões em grave pobreza. Um em cada quatro brasileiros vive com menos de R$ 420. Pobreza, desemprego e a volta da fome e da miséria que estavam contidas no país.

O presidente disse também que a economia cresceria, mas estamos em depressão econômica, descrédito internacional, alta do dólar. Neste segundo semestre, a cotação do dólar registrou um recorde nominal desde a criação do Plano Real, fechando a R$ 4,24 na venda. A desigualdade é a marca desse governo. Segundo a ONU, o Brasil tem a maior concentração de renda do mundo, perde apenas para o Catar. O 1% dos mais ricos concentra 28,3% da renda total.

Disse ainda que atrairia investimentos internacionais, porém o leilão do pré-sal mostrou o profundo desinteresse do mercado externo para negócios com o Brasil. Um governo autoritário e errático não inspira confiança em investidores externos.

O governo oprime os trabalhadores, desarticulando o movimento sindical e criminalizando a participação política de servidores públicos.

Tá na hora de virar o jogo!

O Chile de hoje poderá ser o Brasil de amanhã. Temos que reverter esta tendência destrutiva e, com criatividade, retomar a ofensiva política com o movimento sindical e social, pela reconquista de direitos e de liberdade de organização.

A defesa da democracia está na ordem do dia! Mantiveram Lula preso, sem culpa formada, por 580 dias, numa curva crescente de agressões às liberdades. O clã Bolsonaro comete desatinos diários. Ele e seus filhos propõem a volta do AI-5, do armamento generalizado e expõem relações com milicianos, gerando enorme instabilidade política ao país.

Agora um deles é investigado por suposto envolvimento no assassinato de Marielle Franco.

Precisamos de uma ampla frente articulada em defesa da democracia. Já vivemos uma ditadura disfarçada e não podemos deixar que a exceção vire regra mais uma vez no Brasil.

Temos que munir nosso povo de argumentos, enfrentar a arrogância desse governo e partir para as eleições municipais, elegendo homens e mulheres do povo para darmos a largada da reconquista da democracia em nosso país.

Alice Portugal é deputada federal (PCdoB-BA) e vice-líder da Minoria na Câmara dos Deputados

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