Governo Bolsonaro admite que perdeu popularidade com vazamento de óleo

Depois das criminosas queimadas na Amazônia, um novo desastre ambiental – ainda sem um horizonte claro de solução – atingiu em cheio a popularidade da gestão Jair Bolsonaro (PSL). Auxiliares próximos do presidente admitem que a contaminação das praias no Nordeste por petróleo prejudicou a imagem do governo. O desgaste ocorreu (e deve se intensificar) não só entre o eleitorado nordestino, mas também junto à classe média urbana.

Grupo de Trabalho participa de ações para retirada de óleo na Costa dos Corais em Alagoas. - (Foto: Felipe Brasil/ Fotos Públicas)

Isso porque as manchas de óleo podem durar mais meses e se estender até as férias de verão. Se isso ocorrer, a classe média do Sul e Sudeste – segmento no qual o bolsonarismo tem mais aprovação – também será afetada, já que visita a região nas férias. A impressão generalizada é de que houve demora na resposta do governo ao aparecimento das manchas.

Segundo a coordenadora de Emergências Ambientais do Ibama (Instituto Natural do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), Fernanda Pirillo, responsável pelas operações de limpeza dos locais atingidos, o desastre ambiental que atinge as praias do Nordeste é um caso inédito no mundo. Pior: ainda não é possível prever seu fim. Com a irresponsabilidade do governo Bolsonaro, o vazamento vai completar dois meses sem que se saiba o responsável pela poluição, a extensão do impacto e a recorrência na chegada do óleo – o que leva a crer que se trata de um vazamento intermitente.

Os primeiros registros de óleo foram confirmados pelo Ibama na Paraíba, no dia 30 de agosto. Dois dias depois, houve registros também em praias de Pernambuco e Sergipe. Desde então, seis outros estados do Nordeste foram afetados, do Maranhão à Bahia. A extensão do impacto já supera 2 mil quilômetros. De acordo com o último balanço divulgado pelo órgão, no sábado (26), são 249 localidades afetadas em 92 municípios de nove estados.

O governo vem sendo criticado por só ter acionado o Plano Nacional de Contingência, estabelecido em 2013 para fazer frente a casos de vazamento de petróleo, 41 dias após os primeiros registros do problema no litoral brasileiro. Há críticas também com relação à falta de equipamentos adequados para contenção e coleta do óleo. O Grupo de Avaliação e Acompanhamento, outro órgão do Plano Nacional de Contingência, composto por Ibama, Marinha e Agência Nacional do Petróleo (ANP), começou a aparecer em comunicados do governo apenas no dia 14 de outubro.

A coordenadora do Ibama diz que a recorrência da chegada do óleo impede projeções sobre quando a limpeza estará concluída. Ela lembra que, no início do ano, a limpeza de três praias do Rio de Janeiro atingidas por óleo vazado de plataforma da Petrobras levou três meses para ser concluída.