Falta de creches prejudica a vida de mulheres e crianças

Na semana em que se comemora o Dia da Professora e do Professor, é impossível não nos colocarmos diante do debate sobre os problemas da educação de Porto Alegre, e como isso afeta especialmente a vida das nossas crianças e das mulheres. Por Abigail Pereira, vice-presidenta do PCdoB-RS

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 Para ficar apenas em alguns exemplos, em Porto Alegre mais de 6 mil crianças (conforme noticiado em julho) aguardam vagas nas creches. O número pode ser maior porque muitos pais, sabendo que não vão encontrar vagas, nem sequer recorrem à rede. E a falta de estrutura e segurança nas escolas aumenta a situação de vulnerabilidade e violência. Têm sido recorrentes casos de vandalismo a escolas e de agressão a professoras, como o que ocorreu ontem na Emef Nossa Senhora de Fátima, na Bom Jesus, quando uma educadora foi atacada pela mãe de um aluno.

A falta de vagas — que chega a 12 mil na região metropolitana na educação infantil — é especialmente grave porque atrasa a entrada das crianças no processo de aprendizagem e cria dificuldades para as mães trabalhadoras. Elas dependem das escolas e creches públicas para poder deixar suas crianças em segurança, num espaço adequado para sua formação, e assim poderem trabalhar ou procurar uma recolocação frente ao alto índice de desemprego. Quando não há vagas, muitas precisam deixar suas crianças com familiares, em “creches parentais” — muitas vezes sem estrutura e que geram custo — ou mesmo deixar de trabalhar, comprometendo a renda da própria família e aumentando sua dependência financeira.

Também é de mulheres a maioria das professoras que, hoje, são obrigadas a enfrentar todo tipo de dificuldade para exercer seu ofício, desde de salários defasados (como ocorre com os servidores do município) e parcelados (como acontece com os do estado) até o enfrentamento da violência.

Estes são apenas alguns exemplos que mostram as fragilidades do município em uma área estratégica para nosso futuro, agravadas por uma gestão neoliberal que sucateia os serviços públicos. Porto Alegre, suas crianças e mulheres, merecem e precisam de maior atenção. A educação é estratégica para a cidade e país que queremos ter, com mais justiça e igualdade.