Deputada apoia verba ao KC-390 da Embraer, mas crítica venda à Boeing

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) defendeu a destinação de recursos do Orçamento da União para o programa estratégico da FAB (Força Aérea Brasileira), o Embraer KC-390, no valor de R$ 650 milhões. Ela lembrou que o projeto, criado no governo Lula, compreende a aquisição de 28 aeronaves, sendo que a primeira delas já foi entregue.

 

(Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara)

O KC-390, maior avião cargueiro militar, pode transportar cargas e veículos como um tanque médio, realizar operações de salvamento e humanitárias, transportar mais de 60 paraquedistas e até 80 soldados. Além disso, também poderá abastecer caças no ar. Os C-130 Hercules que atualmente equipam a frota da FAB serão substituídos gradualmente.

Segundo a deputada, “a parceria entre a Embraer e a Boeing para a comercialização do KC-390 sempre foi bem-vinda, importante e necessária para tornar o KC conhecido”. No entanto, o governo Bolsonaro permitiu a venda da área civil da Embraer para a empresa norte-americana. “Isso é algo que afronta a soberania nacional. É um entreguismo sem precedentes da mais importante empresa de aviação brasileira”, ressaltou Perpétua.

Para a parlamentar acreana, a venda da empresa impactará no projeto do KC-390. “Com o tempo vai se chegar à conclusão de que a Embraer Defesa e Segurança, a parte não vendida e responsável pelo KC-390, não se sustenta sem a divisão comercial, a parte vendida. Isso fica claro e é revelado no parecer técnico do Comando da Aeronáutica sobre a negociação entre a Boeing e a Embraer, aprovada pelo governo de Jair Bolsonaro no começo deste ano”, afirmou.

De acordo com o relatório da Aeronáutica, já divulgado em vários sites e meios de comunicação, a área de defesa da Embraer concentra os investimentos públicos para desenvolvimento de novas tecnologias, que depois são repassadas para a área comercial. O mesmo ocorre na Boeing.

O documento informa: "Separar a área comercial da defesa irá eliminar o processo de investimento público brasileiro na inovação da Embraer Defesa, pois não será coerente investir recursos para novas tecnologias que serão transferidas para a Embraer comercial, que na verdade seria Boeing". No final, aponta: "Desta forma, a área de defesa [da Embraer] estaria condenada a não ter todas as possibilidades para pesquisa e inovação".