Polícia do Equador invade Unasul e derruba estátua de Néstor Kirchner

A polícia equatoriana, sob ordens do governo de Lenin Moreno, invadiu nesta quinta-feira (26) a sede da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em Mitad del Mundo, perto da capital Quito. Na ação, sem respaldo legal, houve o confisco criminoso de bens do bloco regional, além da derrubada da estátua do ex-presidente argentino Néstor Kirchner. Embora a Assembleia Nacional do Equador, dominada pela direita, tenha aprovado, em agosto, a retirada da estátua, o edifício da Unasul goza de imunidade.

estátua de Néstor Kirchner

Moreno foi indicado ao cargo pelo ex-presidente do Equador, Rafael Correa, um dos líderes latino-americanos que mais se empenharam na integração soberana do continente. Logo do início do mandato, porém, Moreno traiu seu antecessor e até então aliado, para governar ao lado da direita equatoriana e em alinhamento com os Estados Unidos. Atualmente, Correa é alvo de uma perseguição similar à que sofre o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

A ação de hoje foi uma retaliação de seu governo à Argentina, que deve reconduzir o kirchnerismo ao poder. O candidato a presidente da Casa Rosada, Alberto Fernández – que tem Cristina Kirchner como vice e lidera as pesquisas de intenção de voto – manifestou sua solidariedade a Rafael Corra diante da ofensiva do Judiciário, da grande mídia e dos atuais governantes do Equador. Em represália, Lenin Moreno autorizou a invasão à margem da lei na Unasul.

A retirada da estátua de Kirchner, de mais de 2 metros de altura, era reivindicada também pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), que ocupa a presidência rotativa do bloco. Moreno, por sua vez, declarou neste ano que quer retomar o edifício do bloco para transformá-la, demagogicamente, numa universidade indígena.