Irã adverte EUA que responderá a qualquer ataque

O Irã avisou os EUA, via Suíça, que “responderá de imediato” a qualquer ação contra o país a pretexto da “falsa acusação” de que Teerã esteve por trás do ataque recente a instalações petrolíferas sauditas.

Arábia Saudita

O Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros entregou, na segunda-feira (16), uma nota oficial de protesto aos Estados Unidos da América, através da Embaixada da Suíça em Teerã – que ali representa os interesses norte-americanos – na qual reitera a rejeição da acusação de envolvimento nos ataques perpetrados sábado passado contra instalações petrolíferas da Arábia Saudita, noticiou nesta quarta-feira (18) a agência iraniana IRNA.

Na nota, em que condenam e rejeitam as acusações formuladas “de imediato e sem fundamentação” pela administração dos EUA – a que deram voz, entre outros, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o secretário de Estado, Mike Pompeo –, as autoridades iranianas afirmam que “qualquer ação levada a cabo contra o país teria uma resposta imediata”, que não se limitaria à “fonte do ato de agressão”, indica a PressTV.

Recorde-se que, na madrugada do último sábado, o movimento iemenita Ansarullah lançou uma operação de grande envergadura, na qual estiveram envolvidos pelo menos dez drones, contra as instalações da companhia estatal saudita Aramco – alegando tratar-se de uma resposta à guerra de agressão liderada pelos sauditas contra o Iêmen desde março de 2015 –, que provocou a paralisação parcial na produção de petróleo e de gás no principal país exportador de petróleo.

Apesar de o movimento Huti Ansarullah ter de imediatamente assumido a responsabilidade dos ataques, Mike Pompeo foi rápido a lançar as culpas sobre o Irã.


Direito à “legítima defesa” e “embaraço de Washington”

O ministro iraniano da Defesa, general Amir Hatami, também rejeitou as acusações norte-americanas de envolvimento do seu país nos ataques à Arábia Saudita, tendo sublinhado o posicionamento do Irã de acordo com o qual a ação do Iêmen de sábado passado constitui um “ato de legítima defesa”, refere a PressTV.

Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, acusou os EUA de estarem a jogar a um jogo de “passa-culpas”, no que respeita aos ataques iemenitas com drones, e de estarem “envergonhados” pelo fato de as armas que venderam a Riad terem falhado.

Os EUA “estão em negação se pensam que as vítimas iemenitas dos piores crimes, nos quatro anos e meio de guerra, não fariam tudo para contra-atacar. Talvez estejam embaraçados porque as suas armas, de centenas de milhares de milhões de dólares, não interceptaram o fogo iemenita”, escreveu Zarif esta terça-feira na sua conta de Twitter. E acrescentou: “Mas culpar o Irã não vai mudar isso.” Javad Zarif reafirmou ainda o posicionamento do Irã de que pôr fim à guerra no Iêmen é “a única solução para todos”.

                                 Guerra de agressão desde março de 2015

Com apoio dos EUA e do Reino Unido, a Arábia Saudita, à frente de uma aliança que incluía países como os Emirados Árabes Unidos, o Egito e o Sudão, lançou uma grande ofensiva militar contra o mais pobre dos países árabes, em março de 2015, declarando serem seus objetivos esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riad.

De acordo com a estimativa mais recente da ACLED (Armed Conflict Location & Event Data), a guerra de agressão provocou mais de 91 mil mortos no Iêmen nos últimos quatro anos e meio. De acordo com um relatório da ONU publicado em dezembro de 2018, mais de 24 milhões de iemenitas necessitam de ajuda humanitária urgente, incluindo dez milhões que são “severamente afetados pela fome”.

                                                                                                                                   Fonte: AbrilAbril