Jerry vai pedir à PGR que apure racismo na fala de Bolsonaro

Aliado do Governo maranhense, Jerry afirmou, ainda, que a declaração mostra o desrespeito do presidente pela democracia.

Deputado vai pedir apuração do caso - Richard Silva
O vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA) vai pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) que apure os crimes de ameaça na fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL) divulgada na sexta-feira (19).

Antes de iniciar uma coletiva de imprensa que reunia jornalistas de 12 veículos nacionais e internacionais, o presidente dá um comando ao ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, sem perceber que o áudio estava disponível. Mesmo com ruído, é possível ouvir a expressão “governadores de Paraíba” e, em seguida, afirma que “o pior é esse do Maranhão”. Depois, de maneira clara, diz: “Não tem que ter nada para esse cara”.

“Representarei à PGR para apurar cometimento de crime comum, neste caso crimes de ameaça, contra a honra e racismo ("paraíbas"). Irei analisar também a existência de crime de responsabilidade”, afirmou Márcio Jerry.

Apesar de negar preconceito contra nordestinos, Jair Bolsonaro confirmou, em seu Twitter, que a ordem se referia Flávio Dino, governador maranhense. “"Daqueles GOVERNADORES… o pior é o do Maranhão". Foi o que falei reservadamente para um ministro. NENHUMA crítica ao povo nordestino, meus irmãos. Mas o melhor de tudo foi ver um único general, Luiz Rocha Paiva, se aliar ao PCdoB de Flávio Dino, para me chamar de antipatriótico.

Reações

Os nove governadores do Nordeste assinaram, na noite de sexta (19), uma Carta criticando o comportamento do presidente. No documento, o grupo diz ter recebido, com espanto, a manifestação do presidente e que esperam respeito ao pacto federativo, onde é exigido que os governos mantenham diálogos e convergências, a fim de que metas administrativas sejam concretizadas.

No sábado (20), parlamentares que compõem a Bancada Maranhense no Congresso também assinaram um Manifesto Público, no qual prestam solidariedade ao Governador Flávio Dino e afirmam que “não é aceitável na democracia que um Presidente da República determine a um Ministro de Estado perseguição a um ente federado por questões políticas”.

Em ofício divulgado no domingo (21), o Colegiado de Presidentes de Assembleias Legislativas dos Estados do Nordeste (ParlaNordeste) afirma que recebeu, com repulsa, as declarações preconceituosas do presidente da República, Jair Bolsonaro. “A região, terceira maior economia do Brasil, é morada de 53 milhões de brasileiros que têm orgulho de viver não só na Paraíba, mas também, no Maranhão, em Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí”.