China responde em tom elevado às sanções comerciais dos EUA

A China voltou a elevar o tom contra a guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos, ao rebater a acusação norte-americana de ser de sua responsabilidade o fracasso das negociações com Washington.

ccc

Pequim disse que pode embargar certos metais listou algumas empresas “não confiáveis”, que podem ter aumento de tarifas. “A guerra comercial não devolveu a grandeza aos Estados Unidos”, afirmou o vice-ministro chinês da Informação, Guo Weimin, em entrevista coletiva, parafraseando o slogan de campanha do presidente americano Donald Trump, “Make America great again”.

Apresentou o que chamou de “Livro Branco”, um documento de 21 páginas que resume as posições chinesas, publicado um dia depois da entrada em vigor das novas tarifas punitivos a produtos norte-americanos por um valor de 60 bilhões de dólares importados a cada ano pela China, uma reposta às mais recentes sanções de Washington adotas no início de maio contra 200 bilhões de dólares de produtos chineses. “Estamos prontos”, afirmou.

Quase ao mesmo tempo, em Singapura, o ministro chinês da Defesa afirmou que segunda maior potência econômica mundial responderá às medidas de Washington. “A respeito da fricção comercial iniciada pelos Estados Unidos: se os Estados Unidos querem conversar, estamos com a porta aberta. Se querem lutar, estamos prontos”, declarou o general Wei Fenghe durante um fórum de segurança internacional em Singapura, o Diálogo de Shangri-La.

Um mês depois do fracasso das negociações comerciais em Washington, Guo afirmou em Pequim que o governo dos Estados Unidos tem “total responsabilidade” no revés por ter alterado suas exigências em diversas ocasiões. O governo chinês havia indicado que as negociações seriam retomadas em Pequim em uma data ainda a ser definida, mas na entrevista coletiva deste domingo não fez nenhuma referência a possíveis datas.

Guo disse que não tem informações sobre um encontro bilateral entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, no fim de junho em Tóquio, à margem da reunião de cúpula do G20. “Embora a cooperação seja a única opção possível entre os dois países, a China não fará concessões em seus princípios fundamentais”, afirma o Livro Branco, que considera “totalmente infundadas” as acusações de roubo de propriedade intelectual formuladas pela administração Trump.

Empresa militar

O confronto comercial seguiu para um conflito tecnológico. No mês passado, Washington incluiu a gigante chinesa das telecomunicações Huawei, acusada pelo regime da Casa Branca de espionagem, em uma lista de empresas que não podem receber tecnologia americana. Um golpe muito duro para a Huawei, que precisa de chips eletrônicos norte-americanos para seus smartphones. Pequim respondeu na sexta-feira ao anunciar a criação de uma lista de empresas estrangeiras “não confiáveis”. O governo chinês também deu a entender que poderia bloquear as exportações terras raras, metais que a indústria americana precisa para diversos setores de ponta.

Ao falar sobre a Huawei, o ministro chinês da Defesa ressaltou que não é uma empresa militar, apesar de seu fundador, Ren Zhengfei, ter sido engenheiro das Forças Armadas. “A Huawei não é uma empresa militar. Não pensem que porque o CEO da Huawei serviu no exército a empresa que construiu é parte do exército”, afirmou o general Wei Fenghe.

Com agências