Plano de Gestão de jardins de Burle Marx do Recife é pioneiro no país 

Cerca de cem pessoas lotaram ontem (29) o auditório do Parque Estadual de Dois Irmãos, em Casa Forte, durante audiência pública promovida pelo Comitê de Jardins Históricos Burle Marx, da Prefeitura do Recife. Na pauta, o debate com a sociedade visando à construção do Plano de Gestão e Conservação do conjunto arquitetônico e urbanístico formado por seis praças cujos projetos paisagísticos foram elaborados pelo arquiteto e paisagista Roberto Burle Marx (i.m.).  

Plano de Gestão de jardins de Burle Marx no Recife é ação pioneira no país - Divulgação

“É fundamental a participação da sociedade na preservação do patrimônio e o Plano de Gestão é uma ferramenta que estimula essa participação. Essas são praças tombadas que exigem um olhar diferenciado e, por isso, buscamos, desde o ano passado, envolver nessa discussão a UFPE; o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB); o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/PE); e as comunidades localizadas no entorno das praças. Esse plano é uma iniciativa pioneira no país e deve inspirar muitos gestores públicos por se tratar de um importante instrumento de preservação do patrimônio”, enfatizou a coordenadora do Comitê, Janaína Granja, adiantando que “a audiência pública foi o fechamento desse trabalho”.


Janaína Granja (de branco) com integrantes do Comitê de Jardins Históricos Burle Marx

Segundo ela, o próximo passo será a criação do Conselho Gestor das praças de Casa Forte, o primeiro jardim público idealizado por Burle Marx, em 1934; Euclides da Cunha (Madalena); Derby; Salgado Filho (Aeroporto); Faria Neves (Dois Irmãos); e da República/ Jardins do Palácio do Campo das Princesas, bem como a elaboração, juntamente com os moradores das áreas próximas, dos Planos de Manejo de cada um dos jardins. “É esse plano que trará o detalhamento das regras de preservação”, disse.

Compromisso com o patrimônio

A coordenadora do Comitê de Jardins Históricos chamou a atenção também para o papel desempenhado pelo Poder Público no encaminhamento positivo dessa proposta. “No atual contexto de desmonte da política ambiental e cultural e da restrição da participação social promovidos pelo governo Bolsonaro, a atuação do Comitê Burle Marx expressa o compromisso do prefeito do Recife, Geraldo Julio, com o patrimônio, com a cultura, com o meio ambiente e com os espaços de participação social. Isso pode ser visto na trajetória desse trabalho desenvolvido em conjunto com a sociedade”, destacou a gestora.

Janaína Granja elencou ainda o rol de iniciativas da gestão pública visando concretizar essa ação pioneira no país de conservação do patrimônio histórico e ambiental da cidade. “Em 2016, o prefeito emitiu o Decreto 29.537, que classifica os jardins de Burle Marx como Jardins Históricos. São 15 espaços públicos que foram inseridos no Sistema Municipal de Unidades Protegidas. Outra iniciativa importante foi a formalização do Comitê, em 2018, por meio do Decreto 31.856. Mais um compromisso e reconhecimento da importância desse trabalho realizado em parceria com a sociedade”.

O Plano de Gestão e Conservação foi construído em várias etapas, a partir de agosto de 2018, com a realização de seminários e oficinas envolvendo a sociedade civil e entidades urbanísticas, culminando com a realização da audiência pública, que discutiu as diretrizes para a preservação e conservação dos jardins, e será, posteriormente, entregue ao prefeito.

Comitê de Jardins Históricos

“Além de planejar e realizar a Semana Burle Marx, que é pensada para destacar nosso importante patrimônio, é tarefa do Comitê atuar na linha da educação patrimonial, bem como acompanhar a elaboração dos planos de gestão de jardins históricos. Penso, que o Comitê é o guardião desse espaço importantante de participação do poder público e da sociedade, responsável por zelar pelo nosso patrimônio histórico, cultural e ambiental", disse a gestora.

Foto: Manuela Santos/GVP

Integrantes do Comitê de Jardins Históricos Burle Marx na direção dos trabalhos 

O Comitê de Jardins Históricos Burle Marx foi instituído em outubro de 2018 através do Decreto 31.853 e engloba 19 entidades. Coordenado pelo Gabinete do vice-prefeito junto com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, o Comitê é formado por CAU-PE, Emlurb, Iphan; Fundarpe, IAB, Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pelas Secretarias municipais de Mobilidade e Controle Urbano; Planejamento Urbano e Turismo, Esportes e Lazer.

Do Recife, Audicéa Rodrigues