Mario Draghi, do BCE, critica Trump por independência do Banco Central

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, se disse “preocupado” com a perda de independência do Federal Reserve (Banco Central dos EUA). Segundo ele, uma possível perda de autonomia do Fed poderia afetar a credibilidade das políticas da instituição.

Economia

“Estou certamente preocupado com a independência do banco central em outros países, especialmente na mais importante jurisdição no mundo”, disse Draghi, se referindo aos Estados Unidos.

As declarações foram concedidas, em coletiva de imprensa, no encerramento do encontro do Comitê Financeiro e Monetário Internacional (IMFC, na sigla em inglês) do Fundo Monetário Internacional do (FMI), ocorrido neste sábado, em Washington.

Os comentários do líder europeu ocorrem em meio a incertezas do nível de interferência do governo norte-americano sobre a gestão do Banco Central, com o presidente dos EUA, Donald Trump, demandando corte no nível de juros e nomeando executivos não afinados com os financistas para o conselho da instituição. “Se o Banco Central não é independente, então as pessoas começam a pensar que as decisões de política monetária seguem orientações políticas em vez de avaliações objetivas sobre o cenário econômico”, acrescentou o chefe do BCE, no mais legítimo idioma do mundo financeiro.

“Dentro (de seu) mandato, no entanto, os bancos centrais devem ficar livres para escolher qual o melhor caminho para cumprir sua gestão”, afirmou Draghi. “Porque se você não deixá-los livres, então não podem ser responsabilizados. Esse é o referencial de trabalho para bancos centrais desde os anos 1980 em todo o mundo”, disse ele, numa confissão sobre como funciona a acumulação financeira no regime neoliberal. Por fim, Draghi argumentou que não vê ameaça semelhante à autonomia do BCE, em virtude das garantias legais e do pouco reflexo de interferência em outras instituições na confiança global.

Quanto à economia europeia, Draghi apontou que muitos dos fatores globais que pesam sobre o crescimento parecem estar diminuindo, enaltecendo as expectativas de uma recuperação no segundo semestre deste ano. Por outro lado, ele ponderou que fatores que minam a confiança, incluindo o risco de um Brexit radical e uma guerra comercial global, continuam elevados, colocando o crescimento em risco.

Com agências internacionais