Brasileiro acha que sem combate à desigualdade não há desenvolvimento

A Oxfam Brasil acaba de divulgar os resultados da sua mais recente pesquisa “Nós e as Desigualdades – Percepções sobre as Desigualdades no Brasil”. Em parceria com o Datafolha, o levantamento traz dados reveladores e desafiadores para os movimentos que lutam contra o desgoverno ultraconservador de Jair Bolsonaro.

Por Marcos Aurélio Ruy

(Foto: Fernando Frazão/ABr)

Os pesquisadores entrevistaram 2.086 pessoas, de 130 municípios de todas as regiões brasileiras, entre os dias 12 e 18 de fevereiro. Sendo que 86% dos pesquisados acreditam que não há condições de o Brasil se desenvolver sem a diminuição das diferenças entre ricos e pobres. Sendo que 84% acreditam ser obrigação do Estado combater a pobreza.

Os organizadores do levantamento anual, dizem esperar “que esta pesquisa sirva para ampliar as discussões sobre a importância do papel do Estado no enfrentamento das desigualdades e aprofundar a urgência em se construir um Brasil mais justo, solidário e humano”.

Para Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, com Jair Bolsonaro na Presidência “é impossível esse necessário debate acontecer é impossível”. Porque “o presidente está mais preocupado com o horário de verão do que com os 80 tiros que militares do Exército deram em um carro, matando um pai de família”.

Aliás, reforça Vânia, “o desgoverno eleito no ano passado apresenta projetos que ampliam as desigualdades e aumentam o desemprego. É um governo sem rumo, contra os interesses nacionais e populares, contra a classe trabalhadora. O verdadeiro exterminador do futuro e dos sonhos de um Brasil que acabe com a pobreza e respeite a diversidade”.

A pesquisa mostra ainda que 57% não acreditam que as desigualdades diminuirão nos próximos anos. E 77% defendem que os muito ricos devem pagar mais impostos para financiar políticas sociais de combate às desigualdades e melhoria de vida da maioria da população.

Já 64% percebem que as mulheres têm piores salários simplesmente por serem mulheres e 52% acreditam que os negros também ganham menos por serem negros. E num claro recado aos governantes, 71% percebem que a Justiça é mais rígida com os negros.

Enquanto 75% defendem a educação pública e gratuita e 73% acreditam na necessidade de mais investimentos na saúde pública. “A pesquisa revela um forte descontentamento com os rumos do Brasil nas mãos de pessoas sem compromisso com os interesses do país e menos ainda com a melhoria de vida da maioria da população”, afirma Francisca Pereira da Rocha Seixas, secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp e secretária de Saúde dos/as em Educação da CNTE.

Para ela, a maioria absoluta da população entende “a importância de uma educação pública de qualidade e comprometida com os interesses nacionais e de avanços do Sistema Único de Saúde”. Justamente num momento em que essas duas áreas sociais fundamentais para o desenvolvimento pleno e autônomo do país estão sob ataque da elite.

“Não sei mais o que falta para a população tomar as ruas do país contra o desgoverno Bolsonaro que privilegia os ricos, quer acabar com a aposentadoria e com os direitos das trabalhadoras e trabalhadores”, conclui Vânia.

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