Cuba tem “Uma Constituição filha do seu tempo”

 A nova Constituição de Cuba entrou em vigor nesta quarta-feira (10) com sua publicação no Diário Oficial, depois de ser promulgada em solene sessão parlamentar com um discurso do primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista, Raúl Castro.

Cuba - Foto: Prensa Latina

A promulgação da Constituição pela Assembleia Nacional do Poder Popular (ANPP, o parlamento nacional de Cuba), no Centro de Convenções de Havana, coincidiu com a aprovação, em 10 de abril de 1869, em Guáimaro, Camagüey, da primeira Carta Magna da República em Armas, em plena luta contra o colonialismo espanhol.

Diante do presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, e de cerca de 600 deputados, Raúl Castro ressaltou que o texto constitucional garante a continuidade da Revolução e o caráter irrevogável do socialismo de acordo com as aspirações daqueles que há mais de 150 anos lutam por uma pátria livre, independente, soberana e com justiça social.

Essa Constituição é filha do seu tempo, disse Raúl Castro, acrescentando que seu conteúdo se torna um legado para as novas gerações.

O lendário dirigente revolucionário acrescentou que a partir de agora em Cuba será aprovada uma nova lei eleitoral, em cujo projeto já se está trabalhando, com o objetivo de apresentá-la nesta Assembleia em sua próxima sessão.

Posteriormente, indicou que o Conselho Nacional Eleitoral será nomeado e, dentro de três meses, a ANPP elegerá seu presidente, vice-presidente e secretário; os membros do Conselho de Estado e o presidente e vice-presidente da República.

Em seguida, o presidente da nação anunciará o novo governo, com seu primeiro-ministro, seus vice-primeiros-ministros e outros membros, e no início de 2020 os governadores e vice-governadores provinciais serão eleitos na nação caribenha, disse ele.

O presidente da União Nacional dos Juristas de Cuba (UNJC), José Alexis Guinarte, disse à Prensa Latina que o país também tem o desafio de traduzir em lei a Constituição, a fim de responder aos problemas essenciais do povo.

O mais importante agora é revisar a constituição em sua totalidade, para identificar as leis que devemos criar ou adaptar ao texto constitucional. Trata-se de fazê-lo prontamente, mas acima de tudo com qualidade e profundidade, declarou.

Guinarte destacou que estão sendo feitos trabalhos sobre iniciativas como o Código da Família, as leis processuais, a Lei Eleitoral e os regulamentos da Assembleia Nacional do Poder Popular e das assembleias municipais.

Antes de aprovação do novo texto na Assembleia, em 22 de dezembro, e da ratificação categórica no referendo de 24 de fevereiro, em que o Sim obteve quase sete milhões de votos, a proposta de reforma constitucional passou por um amplo processo de consulta popular, realizada de 13 de agosto a 15 de novembro.

A nova Constituição estabeleceu mudanças na estrutura do Estado, reconheceu várias formas de propriedade, incluindo a propriedade privada, a importância do investimento estrangeiro, fortaleceu o poder popular dos municípios e ampliou direitos e garantias individuais e coletivos.