Críticas a Bolsonaro marcam a Marcha das Mulheres em Salvador

Organizações da luta feminista na Bahia promoveram, nesta sexta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a tradicional Marcha das Mulheres, que toma ruas do Centro de Salvador, nesta data, em protesto contra as más condições de vida das mulheres. Esse ano, a marcha unificada alterou o trajeto, saindo da Praça da Sé com destino ao Campo Grande, e foi marcada por manifestações contrárias ao governo do presidente Jair Bolsonaro, considerado um inimigo das mulheres.

- Fernando Udo

Como acontece todos os anos, a militância comunista esteve presente na atividade, com bandeiras e faixas em defesa dos direitos das mulheres. A ala do PCdoB contou com a presença de Manuela D’Ávila, ex-deputada federal gaúcha e candidata a vice-presidenta da República na chapa de Fernando Haddad (PT), nas últimas eleições. Manuela está em Salvador para o lançamento do primeiro livro, ‘Revolução Laura’, sobre a experiência da maternidade durante a campanha.

Em todo o trajeto, as manifestações contra o presidente da República se espalhavam, em cartazes, faixas, cantos, palavras de ordem. Segundo a secretária estadual de Mulheres do PCdoB, deputada federal Alice Portugal, as críticas a Bolsonaro neste 8 de março são pertinentes porque o governo, “de matriz autoritária, de cunho absolutamente neoliberal e de natureza conservadora nos costumes”, é contra as mulheres, assim como também é contra os jovens e os pobres.

Alice citou a proposta de reforma da Previdência do novo presidente, avaliada como mais prejudicial para as mulheres, pois, entre outras questões, eleva a idade mínima da aposentadoria para elas. A reforma de Bolsonaro prevê que a idade mínima para mulheres subirá de 60 para 62 anos (trabalhadoras urbanas) e de 55 para 60 anos (trabalhadoras rurais) – as idades dos homens serão mantidas: 65 anos (urbano) e 60 (rural).

“Agora, nós vamos organizar a resistência! Vamos enfrentar a reforma da Previdência, que atinge, especialmente, as mulheres, os mais pobres, os trabalhadores e as trabalhadoras rurais, e lutar para que ela não seja aprovada”, afirmou a secretária do PCdoB-BA. Alice ainda defendeu a necessidade de intensificar a luta contra as violências que as mulheres sofrem “ao longo do curso da história da humanidade” e pelos direitos do trabalho.

Mulheres unidas

A União Brasileira de Mulheres (UBM) está entre as entidades organizadoras da atividade. A presidenta estadual, Natália Gonçalves, comemorou o sucesso do evento, resultado, segundo ela, do caráter unificado que possui, pois, a cada ano, a marcha “vai se conectando com os movimentos sociais”, pela consciência alcançada da “vocação política do movimento de mulheres”.

“As mulheres têm aprendido, cada vez mais, que as dores que elas enfrentam na vida privada são dores sociais, porque outras mulheres também enfrentam, e que a união dessas mulheres promove mudanças reais”, defendeu a presidenta estadual da UBM.

‘Respeita as Mina’

Também participou da marcha a secretária estadual de Política para as Mulheres do governo do Estado, Julieta Palmeira, condutora da campanha ‘Respeita as Mina’, de enfrentamento à violência contra as mulheres e pela valorização delas. Para a secretária, o respeito que as mulheres precisam e estão nas ruas cobrando não é relacionado, apenas, a um tratamento cordial, mas, principalmente, a uma garantia de oportunidades iguais reais.

“Estamos pedindo respeito às mulheres, mas mais que isso: estamos pedindo que as mulheres estejam ao lado dos homens nos diversos espaços da sociedade, porque isso é que é, de fato respeito”, explicou Julieta.

De Salvador,
Erikson Walla