Governo de Pernambuco reforça fiscalização de barragens 

O Governo de Pernambuco anunciou, nesta quinta-feira (31), a criação de um grupo de trabalho para atualizar o cadastro e intensificar as fiscalizações das 442 barragens hídricas existentes no estado. A medida foi tomada uma semana após o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, que deixou dezenas de mortos. 

Governo de Pernambuco reforça fiscalização de barragens - Reprodução/TV Globo

As atividades têm coordenação da Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos. A pasta ressaltou que não existe risco de rompimento em nenhuma das barragens do estado. Além disso, a administração estadual informou que as estruturas em solo pernambucano possuem tipos de construção e finalidades diferentes das encontradas em Brumadinho.

Em Pernambuco, as barragens servem para reter água, evitando que os rios transbordem em épocas de chuva. Algumas fazem parte do sistema de abastecimento de água da população. Em Minas Gerais, as estruturas são utilizadas para contenção de rejeitos de minério.

A secretária de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco, Fernandha Batista, declarou que a decisão de intensificar as ações foi tomada a partir da comoção nacional gerada pela tragédia em Brumadinho e por causa de notícias falsas que passaram a circular na mídia. "Aqui, não existem barragens de rejeitos, são barragens de água, com métodos de projeto e de construção bem distintos. Nós fazemos vistorias rotineiras nessas barragens, mas vamos intensificar esse trabalho", afirma.

Segundo a secretária (foto acima), a equipe deve começar a atuar em fevereiro. A previsão é contar com 29 profissionais, entre engenheiros, geólogos e técnicos."A gente vai conseguir se aproximar e se aprofundar cada vez mais nesse aspecto técnico. É um trabalho de continuidade que já acontece permanentemente, mas será intensificado com esse grupo de trabalho", explica.

A atuação dessa equipe deve priorizar os seguintes pontos: inspeções técnicas, atualização cadastral das barragens, compilação dos dados, bem como a elaboração de relatórios técnicos e de planos de manutenção, quando necessários.

As primeiras vistorias devem acontecer na Região Metropolitana e na Zona da Mata Sul, que possuem a maior concentração pluviométrica do estado. A expectativa é que o trabalho seja concluído até junho.

Também integram o grupo as Secretarias do Meio Ambiente e Sustentabilidade, Desenvolvimento Urbano e Habitação e Desenvolvimento Agrário (IPA).

Risco de rompimento

Depois do rompimento da barragem de Brumadinho, notícias em sites e redes sociais informaram que existiam diversas barragens em risco no estado. A secretaria, no entanto, afirma que as informações foram baseadas em uma interpretação errônea do relatório da Agência Nacional das Águas (ANA), que classificava algumas delas como barragens com "alto potencial de risco". 

"Essas barragens são consideradas de alto potencial de risco em virtude do grande porte e por causa da proximidade com comunidades. Não existe risco de rompimento nenhum", afirma a secretária.

Mesmo em casos de chuvas intensas, a secretária explica que as barragens não devem sofrer danos nas estruturas, pois foram projetadas com nível de segurança elevado. "Ter um nível alto de água não traz risco de rompimento para as nossas barragens. As estruturas são construídas para sustentar até mais água do que cabe dentro dos reservatórios", ressalta Fernandha.

Impacto

Em 2017, segundo o governo, a barragem de Serro Azul absorveu um terço do impacto das águas das chuvas que causaram transtornos em diversos municípios da Zoma da Mata de Pernambuco.

"Em 2017, o volume das chuvas foi igual ao de 2010, mas o estrago foi muito menor. A construção da barragem de Serro Azul conseguiu reter 70 milhões de metros cúbicos de água em um dia e fez com que o cenário de destruição não se repetisse", acrescenta a gestora.

Raio-X das Barragens de Pernambuco

442 barragens hídricas existem no estado
283 são de responsabilidade do governo estadual
141 são de responsabilidade do governo federal
9 são geridas por prefeituras e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
9 são estruturas privadas
70% das barragens tem capacidade abaixo de 3 milhões de m³ de água

Maiores barragens do estado e atual volume de água:

Jucazinho (3%)
Carpina (11,4%)
Tapacurá (25,8%)
Pirapama (64,4%)
Serro Azul (45%)

São Francisco pode ser atingido 

Na terça-feira (29), pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) informaram que o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) pode atingir a bacia do Rio São Francisco. A instituição desenvolve um estudo sobre como diminuir no Nordeste o impacto da água contaminada pelos rejeitos. O trabalho está sendo feito em parceria com universidades brasileiras e Universidade de Toulouse, na França.

Por Thamires Oliveira, G1 PE.
Publicado originalmente na página do G1PE.