Sou da Paz lança hoje campanha contra liberação de armas

Nesta terça (15), dia em que o presidente Jair Bolsonaro assina decreto para facilitar a posse de armas de fogo, o Instituto Sou da Paz lança nas redes sociais as primeiras campanhas contrárias à medida.

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A entidade preparou duas peças. A primeira reforça a ideia de que só ricos poderão ter armas em casa. “Com o preço de uma pistola”, diz o Sou da Paz, é possível comprar uma geladeira, um fogão, uma máquina de lavar roupas, uma TV de 32 polegadas e um micro-ondas.

A segunda publicidade afirma que, ao facilitar o acesso a armas, o Planalto está repassando ao cidadão uma responsabilidade que, na verdade, é dele.

“Se você está doente, o governo não te pede para comprar um bisturi e se operar. Então por que se você sofre com o crime tem que se proteger sozinho?”, diz a campanha.


O Sou da Paz quer levar a ofensiva publicitária anti-armas para a televisão e para o rádio ainda em janeiro. O instituto acredita que a política adotada por Bolsonaro fará “o número alarmante de 43 mil homicídios anuais cometidos com armas de fogo crescer ainda mais”.

Nas redes sociais, a campanha está sendo divulgada com hashtag #NãoTáTudoBem

Feminicídio

Em entrevista para a revista Época, Stephanie Morin, gerente da área de Gestão do Conhecimento do Instituto Sou da Paz, alerta que há uma relação perigosa entre arma dentro de casa e o aumento de casos de feminicídio no Brasil: entre 2011 e 2016, disparos de arma de fogo foram a principal causa da morte de mulheres de até 29 anos de idade.

Segundo Morin, dar posse de armas às mulheres não vai fazer com que se sintam mais seguras, já que as armas têm de ser guardadas em locais de difícil acesso — inclusive para evitar o risco de serem pegas por crianças — e é bem difícil imaginar que, numa situação de briga corporal, uma mulher consiga se desvencilhar do agressor, pegar a arma e se defender. “Isso é uma falácia. A maior presença de armas traz desfecho trágico para brigas fúteis. Em ambientes conflituosos, de violência doméstica, o problema tende a se agravar. Provavelmente, as mulheres passarão a ser ainda mais ameaçadas. E quem vai usar é o opressor, não a vítima”, disse Morin. “A arma cria situações perigosas não só para os envolvidos, mas também para as pessoas que estão próximas”, completou.