De Olho no Mundo por Ana Prestes

Um resumo das principais notícias internacionais do dia. 

Bolívia
Bolívia quer retratação do deputado brasileiro, Rodrigo Amorim (PSL), o mais votado do Rio de Janeiro, por ter dito que quem gosta de índio deve ir pra Bolívia. O Ministro da Justiça da Bolívia, Héctor Arce, afirmou em seu twitter: “Quando se trata de defender a nação boliviana não existem diferenças políticas. Nossos povos indígenas merecem todo respeito e valorização, e um representante eleito em um país tão grande e digno como é o Brasil deveria se desculpar publicamente”. O presidente Evo Morales também se referiu ao fato durante um ato em Villa Tunari, na Cochabamba.
 
A fala de Amorim que, com razão, causou reação na Bolívia foi ao jornal O Globo, em referência a Aldeia Maracanã, zona norte do Rio, que abrigava o antigo Museu do Índio. Segundo o deputado: “quem gosta de índio, que vá para a Bolívia, que, além de ser comunista, ainda é presidida por um índio”. Amorim também ficou conhecido no Brasil e no exterior por participar do ato no RJ em que uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco foi quebrada.
 
Por falar em Bolívia, o país passou a ser o que mais investe em educação na América do Sul, com 8% de investimento do PIB na educação. Na América Latina fica atrás apenas de Cuba. Em 2018 foram cerca de US$ 4 milhões de investimento.
 
A paralisação parcial do governo dos EUA entrou em seu 17º dia. Segundo a imprensa norte-americana, se a paralisação se estender até o final de janeiro pode ter grandes impactos econômicos e sociais. Milhares de programas federais já estão afetados. Cerca de 40 milhões de pessoas de baixa renda podem ficar sem vale-alimentação, por exemplo. Trump exige uma liberação do Congresso de US$ 5,6 bilhões para iniciar a construção de um muro na fronteira com o México, mas os democratas, que agora controlam a Câmara dos Deputados, aprovaram um projeto de lei orçamentária sem a previsão do financiamento do muro.
 
Trump sobre servidores federais que não estão recebendo seus salários com a paralisação: “Tenho certeza de que essas pessoas que não estão recebendo seus pagamentos farão ajustes; elas sempre fazem”.
 
Trump prometeu para hoje (8) um discurso “à Nação” sobre a “crise da Segurança Nacional e Humanitária na nossa Fronteira Sul” e uma visita à fronteira na próxima quinta (10).
 
Foram retomadas ontem as negociações comerciais entre China e EUA para sair do impasse criado em 2018 com a guerra comercial entre as duas potências. As reuniões estão ocorrendo em Pequim ao longo desta semana. No entanto, em meio às negociações, surgiu um ponto de tensão militar entre os dois países do mar do Sul da China, com a presença de um navio de guerra americano na região. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, o destroier USS McCampbell “violou a lei internacional chinesa, infringiu a soberania da China e minou a paz e estabilidade.”
 
Quem também chegou hoje à China é o líder norte-coreano Kim Jong-un. Ele se reunirá com o presidente Xi Jinping. O encontro vai ocorrer no contexto da preparação de uma segunda reunião entre Jong-um e Trump. China e Rússia estão realizando pressões na ONU para a suspensão das sanções econômicas à Coreia do Norte.
 
A ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, informou nesta segunda (7) que está em elaboração um projeto de lei para reduzir a maioridade penal no país para 15 anos de idade, no caso de “crimes graves”. A proposta deve ser apresentada ao congresso em fevereiro. No mesmo pronunciamento a Ministra prometeu um endurecimento com os migrantes que vivem na Argentina, segundo ela 20% das pessoas detidas na Argentina são estrangeiras, o que justificaria a criação de uma lista de imigrantes que serão proibidos de permanecer no país.
 
Cientistas norte-americanos e canadenses descobriram que os supostos “ataques sônicos” que funcionários dos EUA teriam sofrido nas dependências de seu escritório de representação econômica em Havana, Cuba, em 2017, e que justificou a retirada dos diplomatas da ilha e a expulsão de diplomatas cubanos de Washington, certamente se devem a sons emitidos por grilos. Os bichinhos são muitos comuns no Caribe e levam o nome científico de Anurogryllus celerinictus.
 
Do Gabão, que é governado pela mesma família há 50 anos, chegam notícias de uma tentativa, aparentemente frustrada, de golpe militar. Membros do exército tomaram a televisão estatal em Libreville, capital do país, e disseram que vão “restaurar a democracia”. O presidente do país, Ali Bongo, está há dois meses no exterior se recuperando de um ataque cardíaco. A região é altamente militarizada por norte-americanos, em especial por causa das tensões no vizinho Congo. Apenas dois dias antes do levante militar no Gabão, Trump havia enviado tropas americanas para o país com a justificativa de que seus cidadãos devem ser protegidos dos violentos podem acontecer no Congo que passa por eleições.
 
Faleceu em Havana um combatente histórico da Revolução Cubana, José Ramón Fernandez, também conhecido como El Gallego. Ele foi uma das principais figuras da resistência cubana durante a invasão da Baia dos Porcos em 1961, foi um dos fundadores das Forças Armadas Cubanas e destacou-se também na política desportiva cubana.
 
Chanceler peruano, Néstor Popolizio, informou nesta segunda (7) que estão impedidos de entrar no Peru qualquer membro do governo venezuelano e seus familiares.
 
Enquanto isso, no México, López Obrador informou ao país que não deixou de assinar a carta do Grupo de Lima contra Maduro por simpatia, mas por princípio. Ao dizer que “não podemos ser a luz da rua e a escuridão da casa”, Obrador afirmou: “vamos ser respeitosos com todos os governos e povos do mundo sempre”.
 
A Argentina lembrou ontem, 7 de janeiro, os 100 anos da “Semana Trágica”, quando uma greve de trabalhadores convocada pela Federação Obrera da República Argentina foi brutalmente reprimida pelo Exército, causando cerca de 700 mortes, 5000 prisões em Buenos Aires e 45 mil em todo o país. A data é um marco do início do protagonismo dos trabalhadores argentinos de forma organizada.
 

O ano mal começou e o partido (Morena) do presidente Mexicano López Obrador já tem três militantes assassinados. Eles foram mortos no estado de Oaxaca. De acordo com a secretária de direitos humanos do Morena, desde 2015 já foram assassinados 39 militantes e dirigentes do partido. 

De Brasília, Ana Prestes