Ameaça de Bolsonaro não barra luta pela reforma agrária, diz dirigente

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, garante que as ameaças de criminalização da entidade feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) não irão barrar a luta popular pela reforma agrária. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, ele também conta que a segurança foi reforçada em diversos acampamentos do MST.

"A reforma agrária também é um tema urbano", diz Gilmar Mauro

Para Gilmar, o momento preocupa, mas a entidade já sobreviveu a situações similares. "O MST surgiu durante a ditadura militar, enfrentou o governo de Fernando Collor, que também tentou criminalizar a gente. Sempre tivemos dificuldades, mas não vamos abaixar a cabeça e fugir. Não se sufoca um movimento agrário de luta com a ameaças", garante.

Mesmo acostumado a sofrer perseguições, o acampamentos do MST tem sido alvos de ataques durante as madrugadas. No último dia 27, o acampamento Sebastião Bilhar, em Dois Irmãos do Buriti (MS), foi alvo de um incêndio. Dias depois, no dia 31, o acampamento Irmã Dorothy, em Tamboril (CE), também foi incendiado.

Segundo o coordenador do MST, é natural que, agora, haja uma diminuição no número de acampados em função do medo. "São ameaças contínuas. Estamos reforçando a segurança, nos preservando ao máximo. Vamos ter que usar toda nossa criatividade para vencer esse momento e retomar todo o processo de luta pela reforma agrária", afirma.

Ainda nesta semana está prevista a chegada de uma delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Brasil, para averiguar a situação dos direitos humanos no país. "O mundo inteiro já se deu conta sobre o que aconteceu aqui, nunca houve tanto consenso na imprensa internacional sobre as eleições brasileiras. Outros países estão preocupados com o futuro do Brasil e vamos continuar fazendo essas denúncias", acrescenta Gilmar.

Ouça a entrevista para a Rádio Brasil Atual :