Deputada do PSL pede que alunos denunciem professores contra Bolsonaro

Mal saíram os resultados das eleições de 2018, com a vitória de Jair Bolsonaro, e a deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL) criou um canal de denúncia para que estudantes catarinenses gravem vídeos e denunciem professores que façam críticas ao capitão da reserva eleito.

Por Verônica Lugarini

Ana Caroline Campagnolo - Reprodução/Facebook

Depois de apenas 30 minutos da confirmação de Jair Bolsonaro (PSL) como próximo presidente do Brasil, a deputada estadual eleita por Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo (PSL), publicou em suas redes sociais um canal informal para que alunos denunciem professores que façam queixas em sala de aula sobre a vitória do candidato de extrema direita.

Segundo publicação de Ana Caroline nas redes sociais, nesta semana, “professores doutrinadores estarão inconformados e revoltados” e “não conseguirão disfarçar sua ira e farão da sala de aula uma audiência cativa para suas queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente [Jair] Bolsonaro”, diz a imagem.

A deputada orienta ainda que os estudantes gravem vídeos e informem o nome do professor, escola e cidade da denúncia. Na legenda, ela afirma ainda que "professores éticos e competentes não precisam se preocupar".

Nos comentários, internautas lembraram a deputada eleita que o uso de celular em sala de aula é proibido. Em resposta, Ana Carolina ironizou e disse: “deixem o celular em casa e levem gravador e filmadora mesmo”.

Outro internauta afirmou que utilizar imagens sem autorização é crime e, novamente, a deputada respondeu com ironia: “Nós não vamos divulgar, vamos investigar e verificar as medidas cabíveis em cada caso. Não queremos gravar uma novela, moça, rs.”

Favorável ao programa Escola Sem Partido, Ana Caroline é conhecida por ter processado a professora Marlene de Fáveri, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e sua ex-orientadora no mestrado, em 2016, por suposta "perseguição ideológica”.

Agora eleito como próximo presidente, Bolsonaro já sinalizou seu apoio ao programa Escola Sem Partido que parte do pressuposto de que a maior parte dos docentes ensinam com base em ideologias. Essa forma de controle dos conteúdos ministrados em sala de aula poderia impactar na restrição de discussões emancipadoras e nos debates sobre diversidade e igualdade.

O O movimento, inclusive, já foi contestado pela Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério Público Federal (MPF) e associação de professores.

Na manhã desta segunda (29), a deputada ainda compartilhou diversos links de matérias com a repercussão sobre seu canal de denúncia e escreveu na publicação: "Promessa de campanha é dívida!".