Bolsonaro diz que ministérios 'não terão indicação política', mas já pede nome a ruralistas

Em seu discurso demagógico na propaganda de TV, Jair Bolsonaro diz que num eventual governo ele vai montar a equipe sem ter indicação política nos ministérios. Mas a prática demonstra que o estelionato eleitoral está em curso.

Tereza Cristina (DEM) e Bolsonaro - Reprodução

De acordo com fontes citadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério da Agricultura já começou a ser rifado com a bancada ruralista, uma das primeira a declarar apoio ao candidato conservador.

Identificado na pesquisa Ibope pelos eleitores como o candidato que defende os interesses dos ricos, da agricultura, dos empresários e dos bancos, Jair Bolsonaro já estaria planejando ampliar os poderes caso vença as eleições.

Nesta terça-feira (16), Bolsonaro pediu à FPA que indique um nome para assumir o ministério que ele pretende integrar em uma única pasta Agricultura e Meio Ambiente.

O pedido de Bolsonaro foi confirmado pela deputada Tereza Cristina (DEM-MS). "Devemos sugerir uns três nomes, mas ainda estamos estudando", disse a parlamentar, que comemorou a proposta de fundir as dua pastas.

"Uma das medidas em debate com Bolsonaro é a demarcação de terras indígenas. A bancada quer tirar da Funai a responsabilidade da demarcação de terras e acredita ter apoio de Bolsonaro para isso. Na terça, em reunião da FPA em Brasília, os deputados debateram a situação do oeste do Paraná, onde uma portaria do órgão demarcou 25 mil hectares de terras. O deputado Sérgio Souza (MDB-PR) deve protocolar um decreto legislativo para anular a portaria", destaca um trecho da matéria do jornal O Estado de S. Paulo.

Tereza Cristina se aproximou do candidato e foi uma das parlamentares que atuaram para garantir o posicionamento formal da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) em apoio a Bolsonaro. Ela é presidente da FPA e tem liderado a maior parte dos projetos prioritários do agronegócio dentro do Congresso, como as mudanças no processo de licenciamento ambiental e a polêmica Lei dos Agrotóxicos.

Na disputa também estão os nomes do líder ruralista Luiz Antonio Nabhan Garcia, o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP), que foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul, e Blairo Maggi, atual ministro da Agricultura de Temer.