Bolsonaro confessa mentira ao admitir que foge de debate por 'estratégia'

Em um comportamento típico daqueles que ignoram a vontade popular e se acham acima de todos – aliás, usa o termo “acima de todos” em seu slogan de campanha –, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) lançou mais uma fake news nesta quarta-feira (17), ao afirmar que “está com uma mão na faixa [presidencial]”.

Por Dayane Santos

Jair Bolsonaro - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A declaração foi dada após visita à sede da Polícia Federal, na zona portuária do Rio de Janeiro. Apesar de achar que já ganhou, Bolsonaro voltou a admitir que vai fugir do debate com Fernando Haddad (PT), seu adversário no segundo turno.

Utilizando o mesmo discurso de um adolescente valentão que morre de medo daquele que resolve encará-lo na frente dos demais colegas de classe, o conservador disse: “Agora eu vou debater com um poste, um pau mandado do Lula? Tenha santa paciência”, declarou Bolsonaro.

“Tudo na política é estratégia. O Lula não compareceu a debate. O último da Rede Globo, não sei se foi em 2006 ou 2010. Entra tudo no meio, eu decido em equipe”, disse ele, admitindo que mentiu ao afirmar que não iria ao debate por recomendação médica por conta da recuperação do ataque que sofreu em setembro.

“Nós estamos com uma mão na faixa, é verdade. Pode até não chegar lá, mas estamos com uma mão na faixa. Ele não vai tirar 18 milhões de votos de agora até daqui a dois domingos”, bravateou Bolsonaro, que também pediu voto dentro de um prédio público, prática vedada pela legislação eleitoral.

Oscilando entre momentos de extrema arrogância e outros de vítima, na coletiva de imprensa Bolsonaro falou sobre o ataque: “Eu perdi dois litros de sangue, cortou o intestino grosso, fezes se espalharam por todo o organismo. Fui submetido a uma segunda cirurgia no dia 12, que começou às 9h da noite e terminou às 5h da manhã. Não foi uma brincadeira”.

Diante dos policiais federais, o candidato afirmou que confia nas investigações que a corporação faz sobre o ataque sofrido por ele em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG). No entanto, nas entrevistas concedidas quando ainda estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, ele disse que havia uma tentativa de “abafar o caso” por parte da PF.

“Confio neles [na Polícia Federal]. Eles vão chegar a uma solução no final do inquérito. Não estou aqui fazendo papel de vítima. Eu não levei um cascudo na rua, foi uma facada. (…) Tenho muita vontade de viver, estou com ainda mais vontade de disputar a eleição”, declarou.