Esquerda chilena se preocupa com influência de Bolsonaro no continente

A expressiva votação de Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno das eleições presidenciais no último domingo (7) deixou os demais países da América Latina sob alerta, uma vez que, o Brasil tem grande influência política no continente por ser a maior economia e o maior território.

Bolsonaro - AP

Em entrevista, o presidente do Partido Radical do Chile (PR), Carlos Maldonado, afirma que a centro-esquerda chilena está preocupada com a influência que o capitão da reserva pode ter na região, especialmente com o crescimento da direita em diversos países.

"A votação de Bolsonaro no Brasil deve ser um sinal de alerta para o Chile, de que a centro-esquerda deve se esforçar para que não saiam candidatos como ele na próxima eleição", disse Maldonado.

Atualmente Maldonado é um dos principais líderes da centro-esquerda chilena, e afirma que este setor viu "com preocupação" o primeiro turno das eleições no Brasil, onde o candidato da extrema-direita Jair Bolsonaro liderou a votação com 46%.

Para Maldonado, a centro-esquerda latino-americana deve aprender com estas eleições. Ele teme que o “fenômeno Bolsonaro” se alastre pelo continente e surjam novos líderes da extrema-direita com um discurso raso, de fácil assimilação, que ameaça as minorias e a oposição política.

O político chileno afirmou que "respeita a democracia brasileira e seus eleitores, mas um candidato com um discurso tão discriminador, tão populista, que tenha este nível de apoio, sinaliza a insatisfação das pessoas".

Maldonado destacou o entusiasmo que o sucesso de Bolsonaro provocou em alguns setores do Chile, em particular nos dois líderes da direita: o ex-candidato à presidência independente Antonio Kast, e o atual senador do partido Renovação Nacional, Manuel José Ossandón.

Kast chegou a dizer que o resultado de Bolsonaro é “o triunfo da liberdade e a derrota da esquerda que deixou o país em ruínas".

Vale destacar que o programa de governo de Bolsonaro, é bastante inspirado na política econômica do ditador chileno Augusto Pinochet, cuja política de austeridade afundou o país em privatizações que até hoje, passados 30 anos do fim da ditadura, ainda não foram revertidas.

O economista de Bolsoanro, Paulo Guedes, é um dos ‘Chicago boys”, economistas formados na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, que voltaram para a América do Sul para aplicar a agenda neoliberal. Eles foram a principal marca da política econômica da ditadura chilena.